A deflagração da Operação Recepa acendeu um alerta vermelho no setor cafeeiro capixaba e nacional. A ação, que apura possíveis ilícitos tributários envolvendo o comércio de café, repercute diretamente no Espírito Santo — líder na produção de conilon — e expõe um problema tão antigo quanto conhecido: a fragilidade estrutural na fiscalização que abre caminho para sonegação milionária, distorções de mercado e prejuízos aos cofres estaduais.
O crescimento consistente da produção de cafés industrializados, aliado à valorização expressiva dos preços desde o fim de 2023, reforça o diagnóstico de que o volume de ICMS sonegado pode ultrapassar, com folga, R$ 400 milhões. Não se trata apenas de números. Trata-se de impacto direto na concorrência leal, na segurança jurídica e na confiança no sistema tributário, pilares essenciais para manter a competitividade e a reputação do café capixaba dentro e fora do país.
As entidades representativas do setor — CCCV, ABIC, Cecafé e Abics — manifestaram apoio integral às investigações, destacando que a operação é reflexo de um problema recorrente que precisa de respostas definitivas, e não apenas ações pontuais. O setor exige modernização do controle fiscal, responsabilização efetiva de infratores e políticas que consolidem a integridade da cadeia produtiva, da lavoura ao consumo.
Abaixo, a nota oficial na íntegra:
NOTA OFICIAL – OPERAÇÃO RECEPA
As entidades signatárias tomaram conhecimento da “Operação Recepa”, voltada à apuração de supostos ilícitos tributários e outros delitos relacionados ao comércio de café, com reflexos no Espírito Santo e em outros Estados. Nesse contexto, manifestam total apoio à iniciativa de investigação e fiscalização conduzida nos termos legais.
Os fatos noticiados, se confirmados, têm potencial para lesionar o fisco e, por consequência, a efetividade de direitos fundamentais, a concorrência leal entre produtores e empresas que cumprem a lei, bem como a segurança jurídica e a confiança no sistema tributário. Cabe ressaltar que os eventos relacionados a esta operação de fiscalização são reflexo de um problema recorrente que exige respostas mais estruturantes e, neste sentido, reiteramos nossa expectativa de que os esforços resultem em medidas efetivas para mitigar e eliminar as práticas fraudulentas.
O fato de a produção de cafés capixabas estar crescendo de forma consistente nos últimos anos, com amplo aumento percentual na composição dos cafés industrializados em todos os estados do Brasil, combinado com a valorização sucessiva do preço do café, desde final de 2023 até a presente data, reforçam a estimativa de que o montante de ICMS sonegado deva ultrapassar, com folga, os R$400 milhões, envolvendo operações com outros estados além dos citados.
As entidades reafirmam seu compromisso com a legalidade, a ética empresarial e a regularidade tributária, mantendo-se à disposição para dialogar institucionalmente sobre medidas que reforcem a integridade e a transparência no setor.
Vitória, 30 de novembro de 2025.
CCCV
Centro do Comércio de Café de Vitória
ABIC
Associação Brasileira da Indústria de Café
CECAFÉ
Conselho dos Exportadores de Café do Brasil
ABICS
Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel
