O Espírito Santo acordou novamente diante do mesmo enredo desgastado. Desde o início, a concessão da 3ª Ponte permanece intocável, impenetrável e blindada. Agora, com o Ministério Público de Contas declarando nulo o estudo sobre a suposta dívida milionária entre o Estado e a Rodosol, torna-se evidente algo que a sociedade já percebe há muito tempo. Nada avança porque ninguém enfrenta o verdadeiro problema com coragem.
À medida que os anos passam, o contrato segue funcionando como um santuário político e econômico. Ele se protege por meio de tecnicismos que servem mais à concessionária do que ao cidadão que paga a tarifa. A cada novo parecer, o governo simplesmente recua. Reage com silêncio. Produz burocracia. Nunca assume uma postura decidida.
Enquanto isso, a Rodosol opera com uma previsibilidade privilegiada. A tarifa sobe sem justificativa convincente. O serviço não melhora. A transparência não aparece. As explicações oficiais apenas circulam sem conteúdo real. Dessa forma, o Estado se comporta como refém de uma concessão que deveria priorizar o interesse público, e não proteger conveniências privadas que se arrastam há décadas.
Paralelamente, o capixaba continua pagando caro para atravessar uma ponte que deveria ter sido revisada profundamente desde o primeiro escândalo. Nada muda de fato. Nada é enfrentado com seriedade. Nada é exposto com integridade. Assim, o debate se transforma em uma coreografia repetitiva, em que governo, concessionária e órgãos de controle orbitam o problema sem tocá-lo no centro.
Diante do episódio atual, esperava-se uma revisão radical. Entretanto, o que surgiu foi apenas mais fumaça institucional. A anulação do estudo não resolve nada. Pelo contrário, prolonga o desgaste de quem já compreendeu que a 3ª Ponte se tornou a mais duradoura ferida financeira da Grande Vitória.
Por isso, o Estado precisa reagir. Precisa assumir o comando. Precisa abrir a caixa preta imediatamente. Caso contrário, a farsa continuará. E continuará cara.
