Descoberta brasileira surpreendente: Como o veneno de marimbondo pode combater o Alzheimer

Conheça o composto derivado de veneno que pode proteger os neurônios

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Uma pesquisa inovadora conduzida pela Universidade de Brasília (UnB) revelou um potencial aliado no combate à Doença de Alzheimer, vindo de uma fonte inesperada: o veneno de marimbondo. O estudo, liderado pela professora Luana Cristina Camargo, identificou compostos com a capacidade de proteger os neurônios contra os danos causados pela doença neurodegenerativa.

A investigação se concentra em peptídeos encontrados no veneno da vespa social Polybia occidentalis, uma espécie comum no Brasil. A partir dessas moléculas, os cientistas desenvolveram substâncias que mostraram, em laboratório, a capacidade de interferir no acúmulo da proteína beta-amiloide, um dos principais fatores ligados à progressão do Alzheimer.

O papel dos peptídeos Octovespina e Alzpeptidina

A imagem mostra um marimbondo em close, representando a descoberta científica.
Veja o potencial do veneno de marimbondo no combate ao Alzheimer.
Imagem: Freepik

O ponto de partida foi um composto chamado occidentalina-1202, extraído do veneno do marimbondo. Após modificações em laboratório para aprimorar sua ação, os pesquisadores criaram um novo peptídeo, a Octovespina. Esta molécula demonstrou eficácia em reduzir a agregação das proteínas beta-amiloides, que formam placas tóxicas no cérebro e comprometem a comunicação entre os neurônios.

Dando um passo adiante, a equipe desenvolveu a Alzpeptidina, uma molécula híbrida que combina elementos da Octovespina com outro peptídeo, a fraternina-10. Simulações computacionais indicaram que a Alzpeptidina possui uma vantagem fundamental: a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica. Superar essa barreira é um dos maiores desafios no desenvolvimento de fármacos para o sistema nervoso central.

Como a substância atua no cérebro?

A Doença de Alzheimer está associada à formação de placas de beta-amiloide que causam a morte progressiva de neurônios, levando à perda de memória e outras dificuldades cognitivas. A abordagem dos pesquisadores da UnB não foca apenas nos sintomas, mas na causa molecular do problema.

Ao impedir ou reduzir a formação dessas placas tóxicas, os peptídeos derivados do veneno ajudam a preservar a função neuronal. Essa estratégia pode, no futuro, retardar a progressão da doença de uma maneira mais eficaz do que muitos tratamentos atuais.

Estágio da pesquisa e próximos passos

Atualmente, o projeto encontra-se em fase pré-clínica, com testes realizados em laboratório. Os resultados promissores garantiram um investimento de R$ 1,1 milhão da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) para dar continuidade aos estudos. O objetivo é avançar para testes em modelos biológicos mais complexos e, posteriormente, iniciar ensaios clínicos com voluntários.

É importante destacar que o tratamento não envolverá o uso direto do veneno. A meta dos cientistas é sintetizar a Octovespina e a Alzpeptidina em laboratório, garantindo um processo seguro, controlado e sustentável para a produção de um futuro medicamento.

Prevenção e cuidados com a saúde cerebral

Embora uma cura para o Alzheimer ainda não exista, a ciência aponta que hábitos saudáveis podem reduzir o risco de desenvolvimento da doença ou retardar seu aparecimento. A prevenção é um pilar importante e envolve:

  • Manter uma alimentação equilibrada e rica em antioxidantes.
  • Praticar atividades físicas regularmente.
  • Estimular o cérebro com leitura, aprendizado de novas habilidades e jogos.
  • Controlar fatores de risco cardiovascular, como hipertensão e diabetes.
  • Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool.

Perguntas frequentes

1. O tratamento usará o veneno diretamente em pacientes?

Não. O objetivo é sintetizar os peptídeos ativos em laboratório de forma segura e controlada, sem a necessidade de extrair o veneno diretamente dos animais.

2. Qual a principal diferença entre a Octovespina e a Alzpeptidina?

A Octovespina é um peptídeo modificado a partir de uma molécula original do veneno. A Alzpeptidina é uma molécula híbrida mais avançada, que combina partes da Octovespina com outro peptídeo e foi projetada para atravessar a barreira hematoencefálica.

3. Em quanto tempo esse tratamento poderá estar disponível?

A pesquisa está em fase pré-clínica. O processo de desenvolvimento de um medicamento, incluindo testes de segurança e eficácia em ensaios clínicos, é longo e pode levar vários anos. Não há uma previsão de quando estará disponível.

4. Essa descoberta pode ajudar no tratamento de outras doenças?

Sim. Os peptídeos estudados têm propriedades anti-inflamatórias e neuroprotetoras que podem ser úteis para outras condições neurodegenerativas, como a Doença de Parkinson.

FONTE: NOTICIAS CONCURSOS