Alho capixaba ganha variedades maiores e sem vírus

Projeto desenvolvido por Incaper e Embrapa transforma cultivo e anima agricultores com produtividade maior, bulbos graúdos e plantas mais resistentes

A colheita das novas variedades de alho desenvolvidas no Espírito Santo já começou e os primeiros resultados têm animado produtores em várias regiões do estado. Com bulbos maiores, dentes graúdos e plantas livres de doenças, o produto marca uma nova fase para o cultivo capixaba graças a um projeto conduzido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) em parceria com a Embrapa.

A iniciativa teve início há dois anos e começou a transformar o cenário produtivo em propriedades familiares, como a de Rosemiro Schmidt, agricultor de Rio Claro, interior de Santa Maria de Jetibá. Ele integra a terceira geração de uma família tradicional no cultivo do alho, mas decidiu inovar ao adotar sementes submetidas a um processo de “limpeza” em laboratório.

As sementes utilizadas pelos produtores passaram por um rigoroso tratamento conduzido pela Embrapa, em Brasília, que elimina vírus e doenças que afetam os bulbos. Segundo a pesquisadora Andrea Costa, do Incaper, o processo ocorre em várias etapas:

“Os bulbos passam por termoterapia, com aumento controlado de temperatura para eliminar vírus. Depois seguem para cultura de tecido, multiplicação em casas de vegetação e, por fim, para o campo. O resultado é um alho sem doenças, sem vírus e com tamanho superior ao convencional.”

Alho produzido no ES/Redes sociais

Andrea reforça que não existe modificação genética nas variedades. O salto de produtividade vem exclusivamente da limpeza sanitária e da seleção do material mais saudável.

“Estamos trabalhando com essas variedades desde 2023. As cabeças são maiores, os dentes também, e o agricultor obtém rendimento muito maior por hectare.”

Famílias apostam na inovação

Rosemiro e a esposa, Sanderli, plantaram pela primeira vez três variedades: Roxão, Amarante e Ouro Branco. A colheita começou em setembro.

“A qualidade impressiona. São cabeças grandes, com menos dentes e dente bem graúdo. O alho tradicional até cresce, mas dá muitos dentes. Esse novo material é diferente, mais uniforme e valorizado.”, explicou o produtor.

Além de Santa Maria de Jetibá, agricultores de Domingos Martins foram os primeiros a receber as novas sementes. Hoje, o projeto se expandiu e está sendo testado também em Muqui, Linhares e Colatina, com foco em avaliar o comportamento das variedades em climas mais quentes e úmidos.

O engenheiro agrônomo Protaze Magevski destaca que o alho livre de vírus aumenta a competitividade do produto capixaba no mercado interno, especialmente diante da presença de alho importado.

Esse alho agrega valor à produção. Ele apresenta calibre maior, padrão superior e entra no mercado com menos concorrência direta, porque entrega uma qualidade acima do que costuma ser encontrado.”

Após a colheita, o alho passa por um período de cura de até 30 dias antes de seguir para feiras e supermercados. Embora ainda estejam em fase de avaliação, os primeiros resultados comprovam que o programa tende a elevar o patamar da produção regional.

Andrea Costa reforça que, apesar de o material ser entregue livre de vírus, ele pode voltar a ser infectado ao longo dos plantios — algo normal na cultura. Por isso, o Incaper garante fornecimento contínuo de material limpo aos agricultores.

“O programa assegura que os produtores sempre tenham acesso a sementes livres de vírus. É isso que mantém o padrão alto e a produtividade elevada ao longo dos anos.”

FONTE: ES FALA