Retinopatia diabética avança no ES e já soma 530 casos em 2025

Entre 2024 e 2025, mais de 1.240 capixabas buscaram tratamento para retinopatia diabética no HOV, reforçando o alerta para diagnóstico precoce

- Saúde ocular. Foto: Divulgação

O “açúcar alto” no sangue é a preocupação mais comum para quem tem diabetes. No entanto, o perigo maior pode estar onde menos se espera: a doença avança silenciosamente sobre os olhos e pode levar à cegueira permanente.

Neste mês de novembro, dedicado à conscientização sobre o diabetes, e com o Dia Mundial da doença celebrado em 14 de novembro, os dados do Espírito Santo acendem um alerta: mais de 1.240 capixabas buscaram tratamento para retinopatia diabética no Hospital de Olhos de Vitória (HOV) entre 2024 e 2025.

De janeiro a dezembro de 2024, 717 pacientes receberam diagnóstico confirmado. Já entre janeiro e outubro de 2025, 530 casos foram registrados, sendo 50 novos diagnósticos apenas em outubro. A retinopatia diabética, causada pelo excesso de glicose no sangue que danifica os vasos da retina, é uma das principais causas de cegueira evitável no mundo — e seu avanço tem sido notado também no Estado.

Doença silenciosa que dá poucos sinais

“A grande armadilha da retinopatia diabética é o silêncio. O paciente pode ter a visão perfeita e, mesmo assim, a retina já estar sofrendo danos”, explica o oftalmologista Renato Vieira Gomes, especialista em retina e vítreo do Hospital de Olhos de Vitória.

O médico explica que o diabetes provoca alterações nos vasos sanguíneos da retina, que passam a vazar sangue e líquido, comprometendo a formação das imagens. “Quando o paciente percebe embaçamento, manchas escuras ou perda de nitidez, o problema já pode estar em estágio avançado. O ideal é detectar antes disso”, reforça.

Controlar o açúcar protege a visão

Manter os níveis de glicose sob controle é a principal forma de prevenir o avanço da doença. “O bom controle glicêmico reduz drasticamente o risco e a progressão das lesões”, afirma o Dr. Renato.

Ele ressalta que pressão arterial e colesterol também devem ser monitorados. “Esses fatores, quando descompensados, aceleram o desgaste dos vasos da retina. O cuidado precisa ser integral.”

Quando procurar o oftalmologista

Oftalmologista Renato Vieira Gomes do Hospital de Olhos de Vitória

Oftalmologista Renato Vieira Gomes do Hospital de Olhos de Vitória. Foto: Edson Chagas

Mesmo sem sintomas, toda pessoa com diabetes deve fazer avaliação oftalmológica pelo menos uma vez por ano, ou conforme recomendação do médico. Em alguns casos, o acompanhamento deve ser semestral.

Os principais sinais de alerta incluem:

  • visão embaçada ou borrada;
  • dificuldade para enxergar à noite;
  • pontos escuros (“moscas volantes”);
  • percepção de manchas no campo de visão.

“O exame de fundo de olho permite enxergar o que o paciente ainda não sente. Ele mostra o estado dos vasos da retina e pode detectar alterações logo no início”, explica o especialista.

Danos podem ser revertidos?

Nem sempre. Lesões leves podem ser controladas e estabilizadas com acompanhamento clínico e tratamento adequado, mas quadros mais avançados podem exigir aplicações intravítreas, laser ou cirurgias.

“Nosso objetivo é preservar o máximo possível da visão. Infelizmente, muitos chegam quando o dano já é irreversível. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental”, ressalta o Dr. Renato Vieira Gomes.

Panorama do diabetes no Espírito Santo

Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) indicam que 9,6% dos adultos capixabas têm diabetes — o equivalente a cerca de 368 mil pessoas, sendo 90% com o tipo 2 e 10% com o tipo 1.

A International Diabetes Federation (IDF) estima ainda que o Brasil seja o terceiro país do mundo com mais casos de diabetes tipo 1 em crianças e adolescentes. No Espírito Santo, são cerca de 1,7 mil jovens com a doença.

Novembro é mês de cuidar do corpo — e da visão

Tradicionalmente ligado à prevenção do câncer de próstata, o Novembro Azul também reforça a conscientização sobre o diabetes e suas complicações oculares. “Os olhos precisam de tanta atenção quanto o corpo. Cuidar do diabetes é cuidar da visão”, resume o Dr. Renato Vieira Gomes.

Neste mês, o Hospital de Olhos de Vitória reforça a importância da prevenção e do acompanhamento médico regular — atitudes simples que podem significar a diferença entre enxergar o futuro ou perdê-lo de vista.

FONTE: ES 360