O chefe da Polícia Civil do Espírito Santo, José Arruda, requereu sua aposentadoria, mas não deixará o cargo de imediato. O pedido, segundo fontes da própria corporação, foi feito por questão de prazo, para não perder prováveis benefícios e direitos previdenciários que se encerrariam neste ciclo. Ou seja, Arruda se antecipa ao tempo, mas não abre mão do poder.
A decisão reacende o debate sobre a longevidade de seu comando, um dos mais controversos das últimas décadas. Durante anos, Arruda construiu uma gestão marcada por centralização, distanciamento interno e controle seletivo da hierarquia, preferindo operar com um grupo restrito e fidelizado. Seu estilo, embora discreto, produziu silêncio administrativo e pouca transparência institucional.
Mesmo assim, foi útil aos dois mandatos de Renato Casagrande (PSB). Com perfil técnico e político ao mesmo tempo, Arruda garantiu ao governo a imagem de estabilidade no setor de segurança pública, ainda que sem resultados estruturantes. Serviu, em muitos momentos, como peça funcional no tabuleiro do poder — um comandante mais conveniente que transformador.
Agora, com o pedido de aposentadoria protocolado, a Folha do ES entende que a próxima gestão estadual terá a oportunidade e o dever de renovar a chefia da Polícia Civil. O momento exige arejamento institucional, resgate de credibilidade e distanciamento de arranjos políticos que corroem a autonomia da corporação.
Arruda deixa claro que pretende sair no tempo dele. Mas o Espírito Santo precisa de uma Polícia Civil que não sirva a ciclos de conveniência, e sim a um projeto de Estado. O silêncio que fala continua ecoando e, para o bem da instituição, precisaria ser interrompido.