Na minha avaliação, o Espírito Santo pode não ter segundo turno nas eleições de 2026. O vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) vem apresentando um crescimento político e eleitoral exponencial, sustentado por sua presença constante em agendas administrativas e pela visibilidade que o cargo lhe proporciona.
O cenário tende a se tornar ainda mais favorável a Ferraço a partir de abril de 2026, quando deverá deixar oficialmente a vice-governadoria para assumir o comando do Governo do Estado, com o afastamento do governador Renato Casagrande (PSB), que disputará o Senado. Nesse contexto, Ferraço passa a controlar toda a estrutura política e institucional do Executivo, fator decisivo em uma campanha de curto prazo.
Do outro lado, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), enfrentará o movimento inverso. Ao se desincompatibilizar da Prefeitura para disputar o governo, perderá a vitrine administrativa e a capacidade de mobilização direta que o cargo oferece. Sem a máquina municipal e com um discurso desgastado pelo tempo, tende a enfrentar dificuldades para manter competitividade.
Em relação ao espectro ideológico, Ricardo Ferraço representa, historicamente, o campo da direita capixaba, mesmo filiado hoje ao MDB. Seu perfil político é, em grande parte, herança do pai, Theodorico Ferraço (PP), atual prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, que foi um dos ícones da direita nos anos 1960 e 1970, com trajetória marcada pela Arena e, posteriormente, pelo PDS. O DNA político da família Ferraço sempre esteve mais alinhado ao conservadorismo e à gestão pragmática, mesmo que o rótulo partidário atual tente sugerir o contrário.
Hoje, classificar políticos apenas pelo partido a que pertencem é um equívoco comum, especialmente em tempos de alianças circunstanciais e de coligações heterogêneas. Ferraço, por sua origem e formação, está mais próximo da direita moderada tradicional, enquanto Pazolini tenta representar o novo conservadorismo urbano, ainda em busca de identidade e estrutura eleitoral sólida.
Diante desse contexto, Ricardo Ferraço tende a consolidar-se como favorito, e o cenário político capixaba se encaminha para uma disputa com forte inclinação a ser resolvida já no primeiro turno.
Os sliados devem observar os sinais. Quem chega primeiro bebe água limpa.