Aparelho eletrônico vai medir poluição em tempo real

Equipamento inédito que será instalado em oito estações na Grande Vitória (quatro até o final do ano e outros quatro no primeiro trimestre de 2026) identifica picos de poluição em segundos

- Ao lado do governador Renato Casagrande e do engenheiro Luiz Cláudio Santolin, Gandini acompanhou a apresentação do Ecops, aparelho que vai monitorar o pó preto: mais transparência e fiscalização. Créditos. Gleberson Nascimento e Rafael Moura.

O controle da poluição do ar na Grande Vitória vai entrar em uma nova fase. O governo do Estado firmou, nesta terça-feira (28), novos acordos de cooperação com as empresas Vale e ArcelorMittal para modernizar o monitoramento da qualidade do ar.

A parceria, conduzida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Seama) e pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), marca o início do uso de equipamentos eletrônicos capazes de medir, em tempo real, com até dois segundos, o famoso pó preto que incomoda os moradores da Região Metropolitana.

O governador Renato Casagrande (PSB) explicou que os novos aparelhos vão permitir acompanhar de forma automática as partículas em suspensão e a poeira que se deposita nas casas, ruas e veículos. A tecnologia, segundo ele, será incorporada ao licenciamento ambiental das empresas, garantindo fiscalização permanente e dados públicos mais precisos e transparentes.

Hoje, o Estado já conta com 16 pontos de controle e deve instalar oito novas estações eletrônicas até o primeiro trimestre de 2026, distribuídas entre Vitória, Serra, Cariacica e Vila Velha. “Com os oito novos monitores eletrônicos, o Espírito Santo se torna referência nacional em controle ambiental urbano”, comemorou Casagrande.

O monitoramento eletrônico será adicionado à rede de monitoramento do ar existente. Os  novos equipamentos serão instalados em quatro estações até o final do ano: Ilha do Boi,  cuja instalação foi realizada   no último dia 17;  Ibes, em Vila Velha; Jardim Camburi, em Vitória;  e Vila Capixaba, em Cariacica.

Nas outras quatro restantes, o aparelho será instalado no primeiro trimestre do ano que vem em Laranjeiras, Cidade Continental e Carapina, na Serra, além da Enseada do Suá, em Vitória, segundo Mário Louzada, diretor-presidente do Iema.

O engenheiro Luiz Cláudio Santolin, responsável pela EcoSoft, empresa que desenvolveu os novos sensores, destacou que a diferença é o tempo de resposta. Enquanto o sistema atual de monitoramento manual de poeira sedimentável depende de potes expostos por 30 dias e análise em laboratório — sujeita a interferências como folhas, insetos e até fezes de pássaros — o novo equipamento, chamado Ecops, faz medições automáticas a cada dois segundos e consolida relatórios por hora.

“Isso permite que o órgão ambiental identifique imediatamente um pico de poluição, veja a direção do vento e aja rápido para cobrar quem precisa ser cobrado”, explicou.

O deputado Fabrício Gandini (PSD), presidente da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, participou da assinatura do convênio do governo do Estado com as mineradoras, no Palácio Anchieta, e destacou que o avanço é também fruto do trabalho de fiscalização e cobrança feito pelo colegiado.

“Esse é um resultado concreto de uma luta que travamos há anos dentro da Assembleia. Foi o nosso trabalho técnico e insistente que manteve o tema vivo e pressionou por resultados. Agora teremos dados em tempo real, transparência e mais segurança para quem respira o ar da Grande Vitória”, afirmou Gandini.

 TCAS

Por fim, o anúncio marcou também o encerramento dos Termos de Compromisso Ambiental (TCAs) firmados em 2018 entre o Estado, os Ministérios Públicos Federal e Estadual, a Vale e a ArcelorMittal. Das metas definidas, o Iema cumpriu integralmente as oito sob sua responsabilidade. Já as empresas cumpriram parcialmente algumas metas: 28 de 48 pactuadas com a Vale, e 85 de 131 com a ArcelorMittal. As metas pendentes serão incorporadas como condicionantes nas novas licenças ambientais, garantindo que o controle e acompanhamento continuem vigentes mesmo após o fim formal dos TCAs.

Para Gandini, o fechamento dos TCAs não significa o fim do controle, mas uma nova etapa: “Agora o monitoramento será digital, transparente e imediato. Isso é um ganho enorme para a população e para o meio ambiente capixaba”, concluiu.