O que começou com sintomas de pneumonia em funcionários do setor oncológico virou uma investigação complexa. Autoridades agora apuram se a origem da contaminação no Hospital Santa Rita, em Vitória, pode estar… nas asas de pombos.
O Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória, referência no tratamento de câncer no Espírito Santo, vive dias de tensão. O que parecia um simples aumento de casos de infecção respiratória entre os funcionários do setor oncológico, a partir de 19 de outubro, acabou se transformando em um mistério sanitário com um possível culpado inusitado: pombos.
Os primeiros sintomas — febre, tosse e dificuldade para respirar — surgiram em profissionais de um mesmo setor. Nenhum paciente oncológico foi afetado, mas 33 funcionários apresentaram sinais da infecção. Destes, 14 precisaram ser internados, e 3 estão em UTI. Outros 12 acompanhantes de pacientes também manifestaram sintomas semelhantes.
Ao perceber o padrão de contaminação, a equipe de controle de infecção hospitalar agiu rapidamente: isolou a ala, suspendeu cirurgias eletivas não urgentes e iniciou uma força-tarefa para higienizar todo o ambiente. Caixas d’água, aparelhos de ar-condicionado e sistemas de ventilação passaram por limpeza rigorosa, e o bebedouro da unidade foi interditado.
Mas a surpresa veio com a linha de investigação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa): há suspeita de que pombos que circulam nas redondezas do hospital possam estar envolvidos na origem da contaminação.
“O hospital possui telas de proteção e medidas de bloqueio, mas estamos avaliando se houve alguma brecha. Coletamos amostras de água e de filtros de ar-condicionado, e tudo está sendo testado para descartar qualquer contaminação ambiental, inclusive por fungos relacionados a aves”, explicou o secretário de Saúde, Tyago Hoffmann.
O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen/ES) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estão analisando as amostras. Covid-19 e Influenza já foram descartadas, mas ainda não há confirmação do agente causador.
Enquanto isso, o clima é de apreensão e cautela. A ala onde surgiram os primeiros casos permanece isolada, e o hospital reforçou o uso de máscaras e os protocolos de biossegurança.
A expectativa é que os resultados laboratoriais sejam divulgados até o fim da semana — e revelem, de uma vez por todas, se o surto no Santa Rita veio do ar, da água… ou das asas dos pombos que sobrevoam Vitória.
FONTE: CAFÉ COM POLITICA ES