Candidata gênio: saiba quem é a “campeã de concursos” em tempo recorde

Envolvida desde 2022 em investigações de fraude em concursos públicos, ela acumula 14 registros com suspeitas de fraude

Medicina e direito em universidade federal, cargo de assistente administrativo em instituição de ensino federal e auditoria fiscal do trabalho por meio do Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024. Para quem vê de fora, o currículo descrito parece pertencer a algum “gênio”. No entanto, investigações da Polícia Federal (PF) apontam que os cargos são, na verdade, colecionados por uma fraudadora.

Lais Gisely Nunes de Araújo (foto em destaque), de 31 anos, é a concurseira pernambucana que entrou na mira da PF após conquistar, reiteradas vezes, vagas almejadas nacionalmente em certames públicos.

Envolvida desde 2022 em investigações de fraude em concursos públicos, acumulando 14 registros com suspeitas de fraude, Laís tornou-se mais visada pela PF após o início das investigações que apuram fraudes no CNU 2024 — foi constatado que seu gabarito era idêntico ao de Wanderlan Limeira de Sousa, ex-policial militar apontado como líder da organização criminosa.

Segundo especialistas, as aprovações ostentadas pela jovem são estatisticamente improváveis. A PF aponta que “há indícios fortes” de que a candidata tenha participado da fraude.

Arquivos e provas

A análise de seus dados digitais revelou documentos que a conectam diretamente aos demais investigados. Em arquivo datado de janeiro de 2024, foram encontradas referências à aprovação de Wanderlan no concurso para carreira administrativa do Banco do Brasil, sugerindo que ela tinha conhecimento prévio das atividades fraudulentas do grupo.

O perfil de “superaprovada” chamou a atenção justamente por ser “bom demais para ser verdade”. Embora existam candidatos excepcionais que conseguem múltiplas aprovações em concursos difíceis, a combinação de aprovações em áreas tão distintas, como medicina, direito e auditoria fiscal, somada ao gabarito idêntico ao de um fraudador conhecido, levantou fortes suspeitas.

A Polícia Federal trabalha com a hipótese de que ela seja uma das “clientes” da organização criminosa, ou seja, teria pago pelos serviços de fraude em múltiplos concursos ao longo dos anos.

A investigação busca rastrear transações financeiras entre a candidata e membros do grupo, além de analisar se suas aprovações anteriores foram obtidas de forma fraudulenta.

A PF também apura outros perfis semelhantes, de candidatos com múltiplas aprovações em concursos de alta complexidade e cujos gabaritos coincidiram com os de membros da quadrilha.

FONTE: METROPOLES