
Perder a visão sem sentir dor, sem perceber sintomas e sem ter chance de recuperar o que foi perdido. Essa é a realidade silenciosa do glaucoma, uma doença que progride de forma quase imperceptível e que só costuma ser diagnosticada quando já comprometeu de maneira grave a qualidade de vida.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) estima que mais de 2,5 milhões de pessoas convivam com o problema e, pior, a maioria não sabe disso. Quase 70% dos brasileiros afetados desconhecem que têm a enfermidade.
“O glaucoma juntamente com a catarata são as principais causas de cegueira no mundo. A grande diferença é que a perda visual pelo glaucoma é irreversível”, alerta o oftalmologista Dr. Homero Gusmão, especialista em glaucoma e catarata do IOBH – Instituto de Olhos de Belo Horizonte.
Um dos aspectos mais preocupantes é o fato de o glaucoma ser silencioso. “A perda visual ocorre ao longo de meses ou anos e o paciente somente vai se dar conta do comprometimento da visão quando o prejuízo já é muito acentuado. Por conta disso, o glaucoma é chamado de ‘o ladrão silencioso da visão'”, explica o médico.
Como identificar os sinais da doença ?
O diagnóstico geralmente acontece durante consultas de rotina com o oftalmologista. “Um dos principais achados que remetem ao diagnóstico de glaucoma é a elevação da pressão intraocular, e a medida da pressão é parte integrante de uma consulta oftalmológica de rotina. Então, quando for ao oftalmologista sempre pergunte para ele como está a sua pressão ocular”, recomenda Dr. Gusmão.
Detectar a doença nos estágios iniciais pode evitar danos irreversíveis. “O diagnóstico precoce permitirá que se inicie o tratamento ainda antes que perdas visuais se façam presentes”, afirma. Entre os exames utilizados para identificar o glaucoma estão a medida da pressão intraocular, o exame de campo visual, a fundoscopia, a tomografia do nervo óptico, biometria ultrassônica, dentre outros.
Quanto ao tratamento, as opções são variadas. “O arsenal terapêutico para tratamento do glaucoma é extenso e geralmente se inicia com a administração de colírios. Eventualmente, pode ser necessária a aplicação de laser e, finalmente, o tratamento cirúrgico pode se fazer necessário”, detalha.
Nos últimos anos, houve avanços importantes. “Foram desenvolvidas técnicas sofisticadas de cirurgias denominadas minimamente invasivas. Com tantas técnicas, torna-se muito importante avaliar os detalhes de cada paciente”, observa o especialista.
O risco de negligenciar o acompanhamento é grave. “Se não for cuidado, o paciente portador de glaucoma inevitavelmente caminhará para a cegueira”, alerta Dr. Gusmão.
A mensagem final é de prevenção e atenção à saúde ocular. “Devemos cuidar da nossa saúde, de preferência de forma preventiva, e identificar os fatores de risco para o desenvolvimento do glaucoma, como etnia, parentes próximos com glaucoma e doenças sistêmicas que propiciam o surgimento de glaucomas secundários”, conclui o Dr. Homero Gusmão, especialista em glaucoma e catarata do IOBH – Instituto de Olhos de Belo Horizonte.