ES já registrou mortes por metanol misturado em bebida alcoólica?

Em São Paulo já foram registrados casos de mortes e pacientes com sequelas após terem consumido bebida adulterada com metanol.

Os recentes casos de intoxicação por metanol em São Paulo, que resultaram em duas mortes e deixaram pelo menos dez pessoas internadas com sequelas graves, reacenderam o alerta sobre a qualidade das bebidas consumidas no país.

No Espírito Santo, nos últimos dez anos, três pessoas também perderam a vida em decorrência da ingestão dessa substância, segundo a perita oficial criminal Mariana Dadalto Peres, chefe do Laboratório de Toxicologia Forense (Labtox) da Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES).

No entanto, não é possível identificar se as mortes foram causadas por mistura irregular na bebida alcoólica, assim como ocorreu no estado paulista.

Segundo ela, identificar bebidas adulteradas não é tarefa simples, já que pelo odor ou pela cor, não é possível diferenciar o metanol do etanol.

O histórico aponta duas ocorrências em 2016 e uma 2018. No último caso, a vítima era alcoolista e havia consumido álcool vendido em posto de gasolina. Nos demais, a fonte da contaminação não foi identificada.

Quais os sintomas da intoxicação por metanol?

Os primeiros sinais podem aparecer entre 12 e 24 horas após a ingestão. Entre eles estão:

  • Dor de cabeça intensa
  • Náuseas, vômitos e dor abdominal
  • Confusão mental
  • Visão turva repentina, que pode evoluir para cegueira irreversível
  • Convulsões em situações mais graves

A evolução pode incluir depressão do sistema nervoso central e até coma.

Como agir?

A recomendação, segundo a perita, é procurar imediatamente um serviço de saúde caso surjam sintomas após a ingestão de bebidas suspeitas.

O paciente deve relatar o consumo da substância para orientar o tratamento, que em casos graves, pode chegar até a hemodiálise.

Além disso, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Espírito Santo (CIATox-ES) oferece atendimento pelo telefone 0800-283-9904, onde é possível obter orientações.

Como se prevenir?

Mariana ressalta que a principal forma de evitar riscos é comprar bebidas apenas em estabelecimentos confiáveis: O consumidor deve sempre procurar locais de procedência, observar os selos e evitar produtos de origem duvidosa”, destacou.

A especialista reforçou ainda que cabe aos proprietários de bares e comércios garantir que os produtos comercializados sejam seguros.

Entenda o caso

Nos últimos meses, o estado de São Paulo tem enfrentado um surto preocupante de intoxicação por metanol ligada ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas.

Em um dos casos, um homem de 31 anos perdeu a visão após ingerir whisky supostamente “legítimo” que continha metanol, sendo internado por mais de um mês na UTI.

A contaminação por metanol é especialmente perigosa porque, diferentemente do etanol (álcool de bebidas comuns), o metanol é metabolizado pelo organismo em substâncias que causam acidose metabólica e danos ao nervo óptico, podendo levar à cegueira permanente ou morte, mesmo em doses relativamente baixas.

Crime

Por meio de nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública destacou que a comercialização de produtos adulterados é crime previsto no Artigo 272 do Código Penal e que a lei que trata das relações de consumo (Lei nº 8.137/1990) também prevê penalidades a quem oferece produtos impróprios para consumo.

O órgão federal informa ainda que o Código de Defesa do Consumidor atribui ao fornecedor a responsabilidade sobre a segurança dos produtos.

São recomendados aos estabelecimentos:

  • aquisição exclusiva de bebidas por meio de fornecedores formais com CNPJ ativo e regularidade no segmento;
  • compra acompanhada de nota fiscal e conferência da chave de segurança nos canais da Receita Federal;
  • não recebimento de garrafas com lacre e rolha violados, rótulos desalinhados ou de baixa qualidade, ausência de identificação do fabricante e importador, sem a identificação dos lotes, com numeração repetida ou ilegível;
  • realização de medidas de rastreabilidade como dupla checagem.