Câncer de colo do útero: saiba mitos e verdades sobre a condição

A infecção por certos tipos de HPV são a principal causa de casos de câncer de colo do útero. Ausência de sintomas atrapalha diagnóstico

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Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que, anualmente, cerca de 30 mil mulheres são diagnosticadas com algum tumor ginecológico no Brasil, sendo mais de 16 mil no colo uterino. O câncer de colo do útero é responsável por quase 6,5 mil mortes por ano no país.

Segundo a médica ginecologista Vitória Espíndola, da Maternidade Brasília, da Rede Américas, atitudes simples podem diminuir os casos da doença: a realização periódica de exames, como o Papanicolau e o teste de DNA do papilomavírus humano (HPV), e a vacinação contra o HPV.

“O câncer de colo do útero é silencioso nas fases iniciais e, por isso, precisa de atenção redobrada. Os exames de rastreio e a vacinação são as principais ferramentas para interromper a cadeia de evolução do vírus para o câncer. Quanto mais informação, prevenção e acesso, menos mulheres perderemos para uma doença que pode ser evitada”, ressalta a especialista em patologia do trato genital inferior.

A infecção por certos tipos de HPV são a principal causa de casos de câncer de colo do útero. Multiplicidade de parceiros sexuais, tabagismo e o enfraquecimento do sistema imunológico também estão entre os fatores de risco da neoplasia.

Mitos e verdades sobre o câncer de colo do útero

Não preciso mais realizar o Papanicolau para investigar o câncer de colo de útero?

Parcialmente verdade. Vitória destaca que o teste de DNA do HPV é um novo exame de rastreio com capacidade maior para detectar lesões suspeitas desse tipo de câncer em comparação ao Papanicolau, aumentando as chances de diagnóstico precoce. No entanto, em associação ao Papanicolau, a segurança na identificação aumenta.

Disponível na rede privada, recentemente o teste foi incorporado à rede pública, como método primário de rastreamento, em especial para mulheres de 25 a 64 anos.

HPV sempre apresenta sintomas?

Mito. A médica patologista Lívia Maia, do laboratório Exame Medicina Diagnóstica, da Dasa, afirma que geralmente os casos de infecção por HPV são assintomáticos. “Apenas em alguns casos, pode haver verrugas genitais ou alterações celulares detectadas em exames preventivos, mas muitas infecções passam despercebidas e desaparecem espontaneamente”, diz a especialista em diagnóstico de câncer e infecções por HPV.

Se eu tiver HPV, irei desenvolver câncer de colo do útero?

Mito. Apesar de ser a principal causa do câncer, a maioria das infecções por HPV são transitórias, sendo eliminadas pelo sistema imune. No entanto, uma pequena porcentagem de infecções por tipos 16 e tipo 18 do HPV são persistentes e podem evoluir oncologicamente, por terem capacidade de causar ou provocar cancro.

É possível ter HPV mesmo em relacionamento estável e fiel?

Verdade. “O vírus pode permanecer latente por anos no organismo e se manifestar muito tempo depois, não significando necessariamente infidelidade”, diz Vitória.

A vacina contra o HPV só funciona para crianças e adolescentes?

Mito. A recomendação vacinal contra o HPV abrange todas as pessoas, de ambos sexos, entre 9 a 45 anos. “A imunização protege contra os tipos mais comuns do vírus que causam câncer e verrugas. Em mulheres adultas, a vacina pode não eliminar infecções pré-existentes, mas ainda oferece proteção contra novos tipos de HPV e reduz o risco de doenças relacionadas”, destaca Lívia.

HPV deixa infértil?

Mito. Infecções por HPV não prejudicam a fertilidade diretamente, porém várias operações no colo do útero para tratar lesões graves podem elevar o risco de parto prematuro.

Sintomas do câncer de colo do útero aparecem no início da doença?

Mito. O diagnóstico precoce é prejudicado pelos sintomas assintomáticos na fase inicial da condição. Dores abdominais e sangramentos vaginais costumam aparecer somente em fases avançadas da doença, dificultando o tratamento. Assim, especialistas recomendam o rastreio do câncer, mesmo sem indicativos aparentes.

FONTE: METROPOLES