
O Produto Interno Bruto (PIB) da região Sul cresceu 3,5% no primeiro semestre de 2025 na comparação com o mesmo período do ano passado, um ponto percentual acima do registrado em todo o Brasil. É o que aponta um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) com base em dados conjunturais já disponíveis, sendo a maioria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O crescimento da região se deveu principalmente pelo desempenho positivo do Paraná e de Santa Catarina, que avançaram 5,3% e 4,2% no período. Mesmo mais modesto, o resultado do Rio Grande do Sul (1%) ajudou a manter o Sul como a região com mais destaque no PIB nos primeiros seis meses do ano.
Os setores da indústria e dos serviços foram os destaques nos três estados. Somente na agropecuária a região Sul ficou abaixo do nacional, apesar de Paraná (16,3%) e Santa Catarina (15,2%) terem apresentado bons indicadores. A retração do agro no Rio Grande do Sul (-8,1%), notadamente por causa da baixa produção de soja, impediu um crescimento mais robusto.
“Vemos que a região Sul vem crescendo bem mais forte que o país. Temos, sim, o fato de o Rio Grande do Sul com crescimento menor do que os outros estados da região, mas continua crescendo e agora colaborando mais”, analisa a coordenadora do Núcleo de Contas Nacionais do FGV Ibre, Juliana Trace.
No caso do Rio Grande do Sul, as enchentes de 2024 tiveram impacto pontual, sendo que a economia do estado já vinha perdendo espaço para Santa Catarina nos últimos anos, com o Paraná se mantendo estável na região.
Pelo estudo do FGV Ibre, o crescimento de Paraná e Santa Catarina no primeiro trimestre foi mais acentuado do que nos três meses seguintes, muito em função da desaceleração das atividades industriais. Em compensação, o Rio Grande do Sul teve um desempenho melhor no segundo trimestre, crescendo 2,2%, 2 pontos percentuais acima do registrado no período anterior.
Tarifaço não deve afetar significativamente o PIB da região Sul
Apesar de variações, principalmente no setor da agropecuária, a economia da região Sul vem apresentando consistência nos últimos anos, avançando na participação no PIB nacional. Uma tendência que deve persistir.
“Não há nada que poderia mudar essa trajetória. Tudo indica que a região continuará tendo uma evolução constante. Claro que há fatores que podem, por algum momento, ter um impacto mais desafiador, mas não deve desestruturar essas economias”, opina Trace.
Isso significa que, mesmo com o tarifaço de 50% imposto às exportações brasileiras pelo governo dos Estados Unidos, os resultados do PIB dos três estados não devem sofrer variações significativas — as novas tarifas começaram a valer em agosto e os impactos devem aparecer somente nos resultados do terceiro trimestre de 2025.
A indústria madeireira, por exemplo, é forte na região — dos 180 mil trabalhadores empregados diretamente no setor, 100 mil estão nos três estados do Sul. Com 50% da produção destinada aos EUA, a indústria da madeira já vem sentindo os efeitos do tarifaço, com demissões e férias coletivas forçadas. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), o Brasil exportou US$ 1,6 bilhão em madeira para os EUA em 2024.
Mesmo assim, a pesquisadora do FGV Ibre não observa um movimento de retração da economia da região Sul nos próximos resultados. “Acredito que até mesmo com o tarifaço, a economia desses estados continuará crescendo. Existem esses desafios pontuais, mas a atividade econômica como um todo não deve ter impacto tão grande”, destaca.