A morte do bebê Miguel Nunes Costa Reis, de 35 dias, em uma clínica pediátrica no Centro de Vila Velha, completou dois meses. O inquérito ainda não foi concluído pela Polícia Civil. Segundo a declaração de óbito, a criança morreu por broncoaspiração de conteúdo gástrico após ser levada a uma consulta de rotina.
O que se sabe sobre a morte do bebê?
As investigações estão em curso e o processo corre em segredo de Justiça. O portal ES360 apurou, no entanto, que foi feita busca e apreensão dos celulares do médico Adoris Loureiro, da esposa dele e de funcionários da clínica. Os aparelhos foram encaminhados ao Departamento de Polícia Técnica Científica, mas o resultado da perícia ainda não foi divulgado.
Com a conclusão dessa análise, o material será anexado ao inquérito. Em seguida, caberá ao delegado elaborar o relatório final e decidir sobre o possível indiciamento do médico. Ainda conforme o documento, as câmeras de videomonitoramento da clínica também foram periciadas, mas não foi possível acessar as imagens do dia da morte de Miguel.
Consta no inquérito que depoimentos confirmaram a versão apresentada pelo pai da criança. Ele relatou que, após colocar o bebê de cabeça para baixo, o médico teria deixado o consultório para atender outros pacientes.
No depoimento prestado à polícia, o pai afirmou que o bebê chorava no início da consulta, e o médico orientou que a mãe o amamentasse. Após o aleitamento, o médico iniciou a avaliação retirando a fralda e a roupa da criança. Ao perceber que o bebê havia evacuado, teria decidido dar um banho no consultório.
Ronaldo relatou que, em seguida, o médico “virou o bebê de cabeça para baixo” e disse: “Vou mostrar como se dá banho em criança”. Ele afirmou que o profissional colocou o recém-nascido sob a torneira com água fria, mesmo após a mamada. “Meu filho estava aos prantos. Quando o médico voltou da pia, já veio com ele roxo”, disse o pai em depoimento.
Médico nega versão
Após a morte, o pediatra Adoris Loureiro foi ouvido na 2ª Delegacia Regional de Vila Velha e liberado em seguida. Em nota divulgada na época, a defesa negou o procedimento descrito pela família e afirmou que ele jamais colocou o bebê de cabeça para baixo. O advogado acrescentou que o profissional entregou voluntariamente todas as imagens da clínica às autoridades e reforçou que a fatalidade o surpreendeu. A defesa destacou ainda que o médico deixou a sala apenas após a chegada do Samu, seguindo protocolos de atendimento.
A reportagem do ES360 voltou a procurar a defesa do médico, mas a ligação e as mensagens não foram respondidas.
O que diz a Polícia
A Polícia Civil informou, em nota, que não há atualizações que possam ser divulgadas no momento. “A investigação está em andamento na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA)”, disse o comunicado.