CEI da BRK: um divisor de águas na política de Cachoeiro

Vereador Vitor Azevedo (PODE) -

A decisão da Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim de abrir uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a atuação da BRK representa mais do que uma medida administrativa: é um movimento político de peso, capaz de redefinir a relação entre Legislativo, concessionária e população.

O protagonismo do vereador Vitor Azevedo, que articulou as assinaturas necessárias, mostra a capacidade de se opor à BRK com seu poder econômico para pautar o debate público e cobrar respostas em um tema sensível, que afeta diretamente milhares de consumidores. Já o posicionamento do presidente Alexandre Maitan, garantindo apoio jurídico à comissão, sinaliza que a Mesa Diretora reconhece a gravidade da insatisfação popular com os serviços da BRK.

O impacto político da CEI dependerá, contudo, da profundidade e da seriedade da investigação. Se os trabalhos forem conduzidos de forma criteriosa, podem resultar em recomendações concretas, pressão sobre a concessionária e até mesmo desdobramentos judiciais. Caso contrário, corre-se o risco de a comissão se tornar apenas palco de disputas eleitorais antecipadas.

Em um município marcado por constantes reclamações sobre tarifas e qualidade dos serviços de água e esgoto, a criação da CEI pode ser vista como um avanço institucional. Mas também é um teste para os vereadores: mostrar se estão realmente dispostos a enfrentar uma concessionária poderosa ou se a iniciativa servirá apenas para acumular capital político diante da opinião pública.

Entenda o caso

Nos últimos meses, a BRK Ambiental tem sido alvo de denúncias e reclamações em Cachoeiro e em outros municípios onde atua. Entre os principais pontos levantados estão:

  • Cobrança de tarifas consideradas abusivas, especialmente nas taxas de religação e nas contas mensais;
  • Problemas na qualidade da água e interrupções no abastecimento em diferentes bairros;
  • Falta de transparência nos critérios de cobrança e na prestação de contas;
  • Deficiências no tratamento de esgoto, que têm gerado críticas de moradores e de órgãos ambientais.

Essas irregularidades, amplamente noticiadas e repercutidas nas redes sociais, alimentaram a pressão popular sobre o Legislativo, que agora tenta responder com a abertura da CEI.