Economia do ES cresce 1,9% no primeiro semestre de 2025 

Indicador de Atividade Econômica (IAE-Findes), divulgado pelo Observatório Findes, em coletiva de imprensa, nesta terça-feira (16)

- Coletiva Findes - Crédito Fiorella Gomes - Findes

Mesmo diante dos desafios dos mercados interno e externo, a economia do Espírito Santo cresceu de 1,9% no primeiro semestre de 2025. De acordo com o Indicador de Atividade Econômica (IAE-Findes), divulgado pelo Observatório Findes em coletiva de imprensa, nesta terça-feira (16), este é o quinto ano consecutivo que o ES cresce no primeiro semestre. Com o resultado, a projeção é de que o Estado encerre este ano crescendo 3,1%. 

Os três setores da economia capixaba cresceram: agropecuária (+11,1%), indústria (+1,7%) e serviços (+1,4%). O resultado positivo da indústria se deve, principalmente, pelo avanço de 3,4% na indústria extrativa. Outras atividades industriais que cresceram no mesmo período foram energia e saneamento (+2,6%) e indústria de transformação (+0,3%).  

“Tivemos um primeiro semestre de bons resultados na pelotização de minério de ferro. A Samarco está em fase de expansão da capacidade produtiva, devido à retomada das atividades desde 2020, e vem produzindo mais. Também tivemos o crescimento na metalurgia impulsionado pelo aumento da demanda por produtos siderúrgicos no mercado interno, como consequência da expansão de segmentos industriais que o utilizam como insumos”, comentou o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona. 

Outro setor econômico que cresceu no primeiro semestre foi o de serviços (+1,4%). O segmento foi influenciado, principalmente, pelo crescimento de 1,6% nas demais atividades, seguidas pelo comércio (+1,0%) e pelo transporte (+0,2%).  

“Mesmo diante de um cenário macroeconômico de juros e inflação elevados, o setor seguiu sendo beneficiado pelo aumento das rendas dos trabalhadores e pelo mercado de trabalho aquecido. Entretanto, o setor de serviços capixaba teve um crescimento mais moderado no primeiro semestre de 2025, quando comparado com o mesmo período dos anos anteriores, configurando certa desaceleração do setor somada a uma base de comparação elevada nos períodos passados”, explicou a economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório Findes, Marília Silva. 

Já o setor agropecuário capixaba cresceu tanto na agricultura (+11,1%), positivamente influenciada por produtos agrícolas como café, cana-de-açúcar, milho, arroz, banana, tomate e coco-da-baía. Enquanto a pecuária cresceu 2,7%, devido a produção de bovinos, aves e ovos. 

Cenário desafiador, mas com perspectiva de crescimento 

Se por um lado a queda nos preços internacionais das commodities reduziu as exportações do Estado, evidenciando os impactos das incertezas do cenário global sobre a economia capixaba, por outro, o mercado de trabalho se manteve aquecido, mesmo diante de inflação persistente e juros elevados, que limitaram o poder de compra das famílias, como explicou a economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório Findes, Marília Silva. 

“A valorização parcial da taxa de câmbio trouxe algum alívio, mas os efeitos defasados da desvalorização do ano anterior continuaram a pressionar os preços domésticos. Assim, o semestre combinou sinais de resiliência na atividade econômica com desafios advindos do ambiente externo e do efeito persistente dos juros altos, que seguem pesando sobre a economia”, explica. 

O primeiro semestre também foi marcado pelo aumento das incertezas econômicas globais com impactos diretos sobre os preços das commodities, incluindo aquelas comercializadas pelo Espírito Santo. O valor das exportações do Espírito Santo caiu 8,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Já em termos de quantidade, o recuo foi de apenas 0,9%. Entre os principais produtos exportados pelo Estado houve recuo nas vendas externas de: pelotas de minério de ferro (-15,9%), ferro e aço (-19,2%), petróleo (-10,7%) e celulose (-3,7%). 

Mesmo diante dos desafios do primeiro semestre, a expectativa é de crescimento da atividade econômica do Espírito Santo ao longo de todo o ano, impulsionada por todos os setores da economia (indústria, agropecuária e serviços). Segundo as projeções pelo Observatório Findes, com as informações disponíveis até o 2º trimestre do ano, espera-se que a economia capixaba avance 3,1% neste ano. Caso se confirme esse cenário, este será o terceiro crescimento anual consecutivo da atividade econômica do Estado. 

“Esse cenário otimista é sustentado pela reversão das expectativas de queda da indústria e da agropecuária, diante dos bons resultados observados no primeiro semestre do ano. Além disso, o setor de serviços deve continuar em trajetória de crescimento, ainda que em ritmo mais moderado em comparação com anos anteriores”, explicou a gerente executiva do Observatório Findes, Marília Silva.  

Especificamente sobre a indústria capixaba, mesmo com um cenário internacional desafiador, impactando as exportações do Estado via redução dos preços, a expectativa é que ela seja positivamente impactada pelo setor extrativo. “Temos a continuidade da retomada da produção da Samarco e uma maior produção de petróleo e gás natural, em especial advinda do Campo Jubarte devido a aceleração da produção do FPSO Maria Quitéria. Vale destacar que a extração de petróleo e gás vem apresentando um comportamento de recuperação, com perspectivas positivas para o segundo semestre de 2025”, comentou o gerente de Ambiente de Negócios do Observatório Findes, Nathan Diirr. 

No que diz respeito ao setor agropecuário, mesmo em épocas de bienalidade negativa do café, como o ano 2025, a expectativa de crescimento é justificada por uma série de fatores que formam um cenário favorável à lavoura, como: clima favorável, melhores condições hídricas e práticas agrícolas mais robustas que favoreceram floradas positivas e uma boa quantidade de frutos por rosetas. 

“Já no setor de serviços, projeta-se crescimento da atividade, embora em ritmo mais moderado que o observado no ano anterior. Esse movimento é justificado pelos efeitos dos juros elevados, que podem comprometer os setores mais sensíveis ao crédito, como o caso do comércio, somados a um desempenho mais modesto do setor de transportes e a uma possível desaceleração do mercado de trabalho até o final do ano”, apontou Marília. 

Por Siumara Gonçalves, com informações do Observatório Findes