Padre mineiro que toma 281 comprimidos por dia deixa a UTI

Ele havia sido internado no dia 1º de setembro, devido a fortes dores provocadas por uma dobra na parede direita da traqueia.

- Padre mineiro Márlon Múcio, de 52 anos, recebeu alta da UTI nesta quinta-feira (11/9) Foto: Reprodução / Redes Sociais

O padre mineiro Márlon Múcio, de 52 anos, recebeu alta médica após 11 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Ele deixou a internação nesta quinta-feira (11/9) e anunciou a alta em um vídeo publicado nas redes sociais.

“Obrigado pelas orações. Ainda estou um pouco dolorido e rouco. A cabeça tem horas que fica um pouco confusa, mas também foram onze dias na UTI”, disse o religioso ao lado de sua mãe. Ele havia sido internado no dia 1º de setembro, devido a fortes dores provocadas por uma dobra na parede direita da traqueia.

Durante o período em que esteve hospitalizado, Márcio precisou utilizar morfina para aliviar a dor. Em maio, ele já havia ficado internado por 16 dias devido a complicações da Deficiência do Transportador de Riboflavina (RTD), uma doença rara em que ele é portador.

A RTD afeta cerca de 15 pessoas no Brasil e aproximadamente 350 em todo o mundo. Como parte do tratamento, padre Márlon Múcio precisa tomar diariamente 281 comprimidos.

Padre Márlon e a doença

O religioso nasceu em Carmo da Mata, na região Centro-Oeste de Minas. Desde a infância, ele teve que lidar com feridas pelo corpo. Ao completar sete anos, sofreu os primeiros sintomas da doença e teve a perda da audição. Na ocasião, ele passou por uma cirurgia corretiva, mas, quando completou 14 anos, começou a sentir dificuldade para mastigar. 

O padre só teve o diagnóstico correto da doença aos 45 anos, quando já havia iniciado sua vida religiosa. Até então, ele e a família se submeteram a tratamentos para condições que não possuía. Em 2010, a saúde de Márlon piorou e ele passou a utilizar um respirador 24 horas por dia. O equipamento tinha o objetivo de auxiliar no controle da falta de ar e da fadiga. 

 A “luta pela sobrevivência”, como definida por ele, foi tema do filme “Milagre Vivo”, que conta a história do padre e o enfrentamento da doença. No filme, ele relata que utiliza 281 comprimidos por dia para enfrentar os sintomas da RTD. Devido à sua condição, ele fundou um hospital para pessoas com doenças raras em Taubaté, no interior de São Paulo.

A doença

A Deficiência do Transportador de Riboflavina (RTD) é uma doença genética rara e progressiva que afeta os neurônios motores e sensoriais, levando à fraqueza muscular, dificuldade para enxergar, ouvir e engolir, além de insuficiência respiratória. Ela ocorre devido à falta de uma proteína responsável por transportar a riboflavina (vitamina B2) para dentro das células, nutriente essencial para o metabolismo.

FONTE: O TEMPO