
O município de Cachoeiro de Itapemirim preserva uma rica diversidade de manifestações culturais de origem europeia e afro-brasileira, muitas delas reconhecidas como Patrimônio Imaterial. Entre elas estão o Congo, o Caxambu, a Folia de Reis e a capoeira, mantidas ativamente por mestres e integrantes dedicados.
Folia de Reis Missão Divina – Burarama

O distrito de Burarama abriga a Folia de Reis Missão Divina, fundada em 1999 por crianças da Escola Estadual Wilson Resende, que começaram a imitar os foliões locais usando latas, caixas e chapéus de jornal.
Com incentivo de familiares, professores e do mestre Areno Francisco dos Santos, o grupo se estruturou e consolidou sua tradição. Em 2005, Wilson Diniz Cecon assumiu como mestre e, em 2007, o grupo passou a se chamar Missão Divina, em memória da avó de Wilson, grande incentivadora da folia.
Ao longo dos anos, o grupo superou desafios como a falta de instrumentos e fardamento, com apoio da Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense (ASPICI). Hoje, adultos, crianças e adolescentes mantêm viva a tradição, garantindo a transmissão do legado às novas gerações.
Escola de Capoeira Agogô de N’Zambi

Fundada em 2017 pelo mestre Aldeci Gomes da Silva (Falcão), a Escola de Capoeira Agogô de N’Zambi preserva a tradição da capoeira angola e regional, incluindo variantes como maculelê, puxada de rede e samba de roda.
O grupo funciona como projeto social, oferecendo aulas gratuitas para crianças e jovens, especialmente em situação de vulnerabilidade social, no bairro Nossa Senhora de Fátima.
Atualmente, cerca de 30 membros treinam regularmente. O mestre Falcão já recebeu o Prêmio Berimbau de Ouro (2023) e o título de Doutor Honoris Causa pela Faculdade dos Campeões do Brasil (2024).
Caxambu da Velha Rita – Zumbi

O Caxambu da Velha Rita, fundado oficialmente em 1979, é uma prática cultural e religiosa de origem africana, única entre os grupos registrados pelo IPHAN. Comandado pela Velha Rita e acompanhada por Dona Isolina (Niecina Ferreira de Paula Silva) desde 1972, o grupo realiza anualmente a roda de caxambu no Dia da Abolição da Escravidão (13 de maio), seguida da tradicional feijoada.
O Caxambu mantém viva a tradição dos tambores, da música e das danças, reforçando a memória histórica e a luta pela igualdade racial.
Além dos grupos detalhados, a Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense (ASPICI) reúne outros 18 grupos de manifestações culturais, entre Bate Flechas de São Sebastião, Boi Pintadinho, Charola, Quadrilha, Maculelê, Puxada de Rede, Samba de Roda e outros, formando um mosaico rico e diverso do Patrimônio Imaterial cachoeirense. Essa diversidade evidencia a vitalidade cultural da cidade e o compromisso dos mestres e integrantes em manter vivas as tradições.
Hoje, essas tradições não são mais chamadas de ‘folclore’, mas sim reconhecidas como Patrimônio Imaterial, como prevê a Constituição Federal nos artigos 215 e 216. Isso significa que o Estado protege e valoriza essas manifestações culturais, garantindo que mestres e comunidades possam transmitir seu legado às novas gerações.
Matéria realizada com base em dados da Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense (ASPICI).