
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados aprovou uma moção de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na quarta-feira (13). De autoria do deputado federal Evair de Mello (PP-ES), o requerimento homenageia Bolsonaro, repudiando as medidas cautelares impostas ao ex-mandatário, a exemplo da prisão domiciliar e do uso de tornozeleira eletrônica.
Fonte: Portal R7.
Vale aqui registrar dois pensamentos irônicos do saudoso jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues: “O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte” e “Eu me nego a acreditar que na política, mesmo o mais doce político, tenha senso moral”.
De fato, Nelson Rodrigues, desde a sua época, já identificava a influência deletéria do político e do não político, que continua a existir como dantes, sem nenhum retoque.
Pois bem, se Nelson Rodrigues hoje existisse, certamente apoiaria minha indignação com a palhaçada política reinante e com aqueles que dão apoio aos palhaços.
Não me identifico com nenhum segmento de esquerda ou de direita. Minha identificação é apenas com os valores éticos e morais do meu país, predicados esses que têm faltado a políticos como aqueles que aprovaram moção de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Trata-se de grupo de parlamentares, moleques, que deveriam respeitar a Nação e o Estado Democrático de Direito. Foram eleitos para defender os interesses da coletividade, e não para pautar e aprovar apoio a traidores da pátria.
Moção de apoio a um traidor-mor da pátria que bate continência à bandeira americana e vibra com tarifaço do Trump à nossa economia é um despautério que só poderia partir de elementos sacripantas, travestidos de parlamentares nacionais.
A liturgia do Parlamento é clara: pautar apenas o que serve ao país – saúde, educação, segurança, habitação, emprego, combate à fome e à miséria, saneamento básico, onde ainda existem cidades com o esgoto correndo a céu aberto, transição energética, ecologia, Amazônia, queimadas, desmatamento e povos originários. Os parlamentares foram eleitos para trabalhar pelo país e não para glorificar quem quer que seja.
Não esqueçam que, durante a pandemia, a atuação desumana de Bolsonaro causou mortes evitáveis, enquanto ironizava as vítimas – “não sou coveiro, é apenas uma gripezinha” – promovia medicamentos ineficazes. Em vez de liderar, Bolsonaro esquiava em Santa Catarina com sua patota, ignorando o sofrimento de milhares.
Bolsonaro está em prisão domiciliar, usando tornozeleira eletrônica, não por acaso, mas por decisões baseadas em desrespeito às normas que todos nós devemos seguir. Seus próprios aliados – como seus filhos e parlamentares radicais indisciplinados – contribuíram diretamente para isso, seja por postagens irresponsáveis ou articulações internacionais que atentam contra a soberania nacional.
Parlamentares: respeitem o Brasil ou renunciem ao mandato. O Congresso não é lugar de defesa de interesses pessoais nem picadeiro de circo de palhaços.
Se o objetivo dos indignos deputados e senadores é bagunçar o Parlamento, a renúncia é o caminho mais honesto do que a sabotagem democrática.
Por que os moleques, travestidos de políticos, não propõem, igualmente, moção de apoio para, por exemplo, Fernandinho Beira-Mar e Marcola? São indisciplinados como Bolsonaro, só divergem no modo de agir.
O país está carente de políticos sérios, pois de moleques travestidos de políticos, temos de sobra para exportar para os EUA.