O atendimento psicológico online, por videochamada, era pouco conhecido pela população e pouco explorado antes da pandemia da covid-19. A psicoterapia enfrentava grandes desafios para ser acessada, seja por estigmas e preconceitos ou pelo desconhecimento dessa modalidade de tratamento. Em geral, o recurso era restrito a pessoas que tinham dificuldade de comparecer presencialmente, seja por questões de saúde, distância geográfica ou mudança de endereço — como brasileiros que moravam no exterior ou pacientes que queriam manter o acompanhamento mesmo após se mudarem de cidade.

Com a pandemia, consultórios e clínicas precisaram fechar as portas ou reduzir drasticamente os atendimentos por vários meses, causando grandes prejuízos aos profissionais. A situação reforçou a necessidade de reinvenção e a busca por alternativas ao atendimento presencial, entre elas o uso das videochamadas.

O aumento da demanda levou o Conselho Federal de Psicologia a emitir orientações e recomendações para o formato, com registro dos profissionais autorizados a oferecer o serviço de forma segura, ética e com a qualidade técnica exigida. O objetivo não foi substituir o atendimento presencial, mas oferecer uma alternativa complementar entre as opções que o psicólogo pode disponibilizar.

Desde então, a terapia online ganhou espaço e se consolidou como nunca, sendo adotada por inúmeros profissionais — alguns, inclusive, optaram por fechar os consultórios físicos e dedicar-se exclusivamente à modalidade. Para os psicólogos, a redução de custos ao eliminar despesas com espaço físico é uma vantagem, o que favoreceu o investimento em estratégias para manter a eficácia do processo terapêutico.

Para os pacientes, as vantagens incluem superar barreiras geográficas, garantindo o acompanhamento mesmo à distância, e a possibilidade de manter o vínculo com um profissional de confiança em qualquer lugar do mundo, sem prejuízo ao tratamento. Há também a flexibilidade de agendamento, permitindo adaptar os horários à rotina, principalmente para quem adota o modelo híbrido.

O modelo híbrido combina sessões presenciais e online, de acordo com a necessidade de cada caso. Um paciente que normalmente é atendido no consultório, por exemplo, pode solicitar uma sessão virtual em situação emergencial — algo que pode ser decisivo para a saúde emocional.

Entre as desvantagens estão as questões ligadas ao contato físico e ao acolhimento proporcionado pela presença. No presencial, o psicólogo consegue observar melhor o comportamento, gestos, respiração e utilizar recursos como o divã, em que o paciente fala sem manter contato visual direto. Além disso, nem todos se sentem confortáveis em utilizar tecnologia para expor questões pessoais.

No atendimento online, a presença é virtual; no presencial, é física. Cabe a cada pessoa avaliar suas necessidades para escolher entre as modalidades online, presencial ou híbrida. Não há uma forma melhor ou pior: há pacientes que evoluem mais em uma modalidade específica. Um exemplo é o de alguém com fobia social, que pode preferir iniciar o tratamento online e, ao longo do processo, se sentir preparado para sessões presenciais e para interações sociais que antes não conseguia enfrentar. Essa possibilidade mostra o valor de ambas as formas, mesmo que uma não seja, necessariamente, uma transição para a outra.

FONTE:ES360