Resumo do caso da médica Jackeline Pim, presidente do Hospital Padre Olívio

A presidente do Hospital Padre Olívio, médica Jackeline Comarella Pim, aparece no centro de um esquema que mistura fraudes trabalhistas, empresas laranjas, uso político da instituição filantrópica e um complexo sistema envolvendo associações e empresas privas para mascarar irregularidades em Vargem Alta-ES.

Por trás da fachada de gestão hospitalar, Jackeline e familiares teriam montado um circuito empresarial paralelo, usando empresas e até uma associação com sede no próprio hospital para driblar contratos, burlar leis trabalhistas, desviar servidores para negócios particulares e blindar a família de consequências legais.

A Ideal Saúde e o jogo sujo

A empresa Ideal Saúde LTDA, expulsa de Rio Novo do Sul, ficou conhecida por impor aos trabalhadores a assinatura de procurações e termos de silêncio, proibindo críticas à diretoria durante e após o contrato — isso tudo sem registro em carteira.

A artimanha blindava a gestão contra denúncias, mantendo o controle total sobre funcionários que atuavam em condições precárias.

De fachada em fachada, e a associação

Quando a Ideal Saúde perdeu fôlego e não conseguia mais emitir certidões negativas, entrou em cena uma nova peça no tabuleiro: Invicta Gestão em Saúde LTDA, registrada em nome de Caroline Ayres da Silva, moradora de Rio Novo do Sul, apontada como preposta de Jackeline.

Mas o esquema não parou aí: uma associação, com sede justamente dentro do Hospital Padre Olívio, foi criada para servir como mais um elo desse complexo sistema de fachada. Essa associação funciona como uma empresa “terceirizada” na sombra, controlada pela mesma família, que permite burlar contratos e disfarçar vínculos empregatícios.

Pagamento no PIX e folha fantasma

Enquanto no papel o Hospital Padre Olívio informava ter todos os funcionários registrados — requisito para manter o convênio com a Prefeitura —, na realidade enfermeiros e técnicos recebiam por PIX, sem contracheque e sem qualquer direito trabalhista.

A falta de fiscalização da Secretaria Municipal de Saúde abriu espaço para que a irregularidade se arrastasse, mantendo repasses públicos e evitando punições.

Desvio de função e negócios privados

As denúncias ainda apontam que Jackeline deslocava funcionários do hospital para atender interesses particulares em outras unidades de saúde privadas, ligadas ao mesmo grupo familiar — um claro desvio de função.

Vários trabalhadores já entraram na Justiça do Trabalho, e outros aguardam para reivindicar direitos.

Hospital histórico, gestão sombria

Com 61 anos de história, o Hospital Padre Olívio, antes referência comunitária, estaria hoje capturado por interesses familiares e negócios obscuros.


Os contratos de sigilo e procurações usados contra funcionários não têm validade jurídica, servindo apenas para intimidar e mascarar a ausência de vínculo formal.

A pergunta que fica: até quando uma instituição filantrópica vai servir de escudo para negócios privados, associações de fachada e irregularidades trabalhistas?