CNN desmoraliza a Polícial Civil do ES no caso do miliciano "Batman". Desmente apoio da PF

Reportagem da CNN revela falhas na cooperação entre forças de segurança e levanta dúvidas sobre a atuação da Polícia Civil capixaba

A semana começou com revelações preocupantes sobre a condução da busca pelo foragido Gilbert Wagner Antunes Lopes, conhecido como “Waguinho Batman”, apontado como chefe de milícia no Espírito Santo. Uma investigação da CNN Brasil expôs contradições entre a Polícia Civil do estado e a Polícia Federal (PF), além de destacar a atuação direta do Ministério da Justiça no caso.

Segundo a reportagem, a Polícia Civil do Espírito Santo afirmou ter solicitado apoio da PF para o cumprimento do mandado de prisão contra o miliciano. No entanto, ao ser questionada, a Polícia Federal no Espírito Santo negou qualquer envolvimento, alegando que não foi acionada e não trabalha na captura do foragido.

A CNN também apurou que o Ministério da Justiça e Segurança Pública recebeu um pedido de ajuda encaminhado por uma autoridade ameaçada por Gilbert Wagner. O pedido foi analisado pela ouvidoria do Ministério e posteriormente enviado à PF. Procurada, a assessoria nacional da Polícia Federal se limitou a dizer que “não comenta investigações em andamento”, mas não negou a possibilidade de atuação no caso — uma diferença sutil, porém significativa, diante da negativa da PF regional.

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A reportagem evidencia um possível vácuo de responsabilidade institucional. Ao que tudo indica, a Polícia Civil não teria solicitado formalmente o apoio da PF, como afirmado inicialmente. Se a PF de fato atua na busca por Gilbert Wagner, seria por provocação do Ministério da Justiça, e não por articulação da segurança pública estadual.

Essa situação levanta questionamentos sobre a eficácia da Polícia Civil do Espírito Santo na condução de um caso de grande gravidade. Gilbert Wagner é conhecido das autoridades locais há décadas. Em 2003, já figurava em reportagens sobre quadrilhas cariocas presas em Marataízes. Em 2011, foi rotulado pela própria Polícia Civil como chefe de milícia, quando foi preso por um homicídio com tortura ocorrido em Cachoeiro de Itapemirim. O caso segue aguardando julgamento.

No jornal Impresso da Folha do ES

Além do constrangimento institucional, um fato recente chama atenção: o Delegado-Geral da Polícia Civil do ES, José Darcy Arruda, está de licença desde 21 de julho, com previsão de retorno para o próximo dia 4 de agosto. Durante sua ausência, a chefia da corporação está a cargo do Delegado José Lopes Pereira.

Em meio à repercussão da matéria, uma publicação enigmática no Instagram de Arruda despertou curiosidade entre colegas e integrantes das forças de segurança:

“A Bíblia nos ensina que quando o nosso inimigo vier por um caminho, por sete ele fugirá. Vamos nos manter firmes na Rocha porque a nossa vitória é certa em nome de Jesus.”

A frase bíblica, de tom melancólico, foi interpretada por alguns como uma possível despedida velada do cargo. Para outros, uma demonstração de fé em meio à pressão crescente para solucionar o caso de Waguinho Batman — que, como ironiza parte da corporação, “já fugiu por bem mais de sete caminhos”.