O prefeito de Cachoeiro de Itapemirim-ES, Theodorico Ferraço (PP), fez o que muitos considerariam improvável e, para outros, até impensável. Ao enviar uma carta diretamente ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedindo a revisão da tarifa sobre pedras ornamentais brasileiras, Ferraço rompeu o protocolo diplomático e apostou na ousadia como forma de defender os interesses da sua região.

Enquanto o governo federal, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, mantém silêncio ou hesitação diante do impasse comercial com os EUA que já envolve até sanções a autoridades brasileiras, Ferraço usou o que tinha: sua caneta, sua voz e sua coragem política.

Claro, o gesto virou meme nas redes sociais. Não faltaram jornalistas medíocres nem críticos de gabinete dispostos a ridicularizar o prefeito por “ousar demais”. Mas a pergunta que fica é: e se funcionar? Se, por qualquer circunstância geopolítica, o governo norte-americano recuar na tarifação do setor, o mérito será de quem tentou ou de quem se omitiu?

É necessário reconhecer: a atitude de Ferraço foi um ato de liderança. Ele não tinha a obrigação de interceder diretamente nesse cenário internacional, mas fez porque sabe o peso que o setor de rochas ornamentais ( mármore, granito, quartzito) tem para o Espírito Santo. A atividade movimenta mais de US$ 1 bilhão por ano e coloca o estado como líder nacional de exportações, com destaque absoluto para os Estados Unidos (58,3%) como principal destino, seguidos por China, Itália, México e Reino Unido.

Quando se governa com responsabilidade, não se espera apenas que os problemas se resolvam por inércia ou por alinhamento partidário com Brasília. Governa-se com ação, mesmo que ela pareça pequena diante do tamanho do desafio.

Ferraço pode até não receber resposta. Pode até ser ignorado. Mas o que não pode e isso ninguém lhe tirará é a postura de ter feito algo enquanto tantos nada fizeram.

Melhor agir e tentar do que se omitir com medo de se ridicularizar ou fracassar.