O prefeito Theodorico Ferraço (PP), de Cachoeiro de Itapemirim, enfrenta uma grave crise de confiança dentro de seu próprio governo. Sabotagens em processos de licitação, envolvendo transporte escolar e limpeza pública, somado com conflitos internos no staff mais próximo do chefe do Executivo, expuseram rachaduras na administração.

O episódio mais emblemático ocorreu em maio, com a exoneração turbulenta do então secretário de Administração, Marcelino Amós. A saída do auxiliar escancarou divergências estratégicas e políticas no núcleo duro do governo.

Amós passou a ser visto como um “estranho no ninho” e inimigo, especialmente após ser flagrado, recentemente, articulando nos bastidores com o ex-secretário do governo do então Victor Coelho (PSB), Weidson Ferreira, eminência parda adversária de Ferraço e seu grupo.

Weidson, inclusive, teria sido recepcionado, quarta-feira, 2, por Amós em Cachoeiro para, montar uma “força-tarefa” voltada à construção de um projeto paralelo, com apoio financeiro e político que ameaçaria os planos de continuidade do grupo de Ferraço. A aproximação selou o rompimento definitivo entre o prefeito e seu ex-secretário.

A crise, porém, não para por aí. Ganhou contornos ainda mais graves com a revelação da compra de uma fazenda de aproximadamente R$ 2 milhões por Marcelino Amós, no final de 2023, antes mesmo de assumir oficialmente o cargo. Eliseu Vargas, secretário da Fazenda, teria sido avalista de empréstimo bancário realizado por Amos mesmo após ter sido desligado do cargo. Os dois são amigos íntimos.

A relação estreita entre os dois levanta suspeitas de favorecimentos e movimentações financeiras que agora passam a ser questionadas no entorno do prefeito.

No estilo Ferraço de governar, ou se está com ele ou se vai para a “zona mista” do lado oposto. E a desconfiança, segundo aliados do próprio prefeito, já se instalou como um fator que pode gerar novos afastamentos e investigações internas nos próximos meses.

Ferraço não tolera deslealdade.