
Um vídeo anexado ao processo sobre a morte do adolescente Kaylan Ladário dos Santos, de 17 anos, divulgado neste final de semana, mostra o momento em que 3 policiais militares estão parados na 2ª ponte antes de o jovem desaparecer.
No vídeo, em determinado momento, algo é lançado e, logo depois, é possível ver uma movimentação na água. Momento depois, a viatura deixa o local. A suspeita é de que o cabo da Polícia Militar Franklin Castão Pereira e os soldados Luan Eduardo Pompermaier Silva e Leonardo Gonçalves Machado, tenham arremessado Kaylan da ponte e ele morreu afogado.
As imagens estão distantes, pois foram gravadas de uma câmera de videomonitoramento da região, mas a família acredita que elas são as provas do crime. Assista:
A Justiça derrubou o sigilo do processo que apura a morte. Os três policiais militares são réus e estão presos no Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar, em Maruípe, Vitória.
“Viram Kaylan se debatendo na água e não fizeram nada”
Em conversa com ESHOJE, no último dia 4 de junho, Leicester Ladário, mãe do adolescente morto, disse que teve acesso às imagens do videomonitoramento há cerca de um mês. Ela afirma que o filho estava vivo e que foi arremessado da Segunda Ponte.
“Me chamaram para prestar depoimento sobre o caso e me mostraram as imagens. Eu vi jogarem o meu filho vivo de cima da ponte. Um dos policiais aparece arremessando ele e outros ficam assistindo. Depois eles saem no carro como se nada tivesse acontecido. Meu filho não sabia nadar. Eles viram o Kaylan se debatendo na água e não fizeram nada, foram embora”, afirma.
De acordo com a Polícia Civil, o Inquérito Policial foi presidido pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cariacica, com o indiciamento dos militares por homicídio qualificado, em razão da impossibilidade de defesa da vítima.
O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) ofereceu denúncia contra os policiais nos mesmos termos.
Relembre o caso
Consta no inquérito policial que na madrugada do dia 17 para 18 de junho, Franklin, Luan e Leonardo abordaram Kaylan e um amigo dele, também menor de idade, no Bairro Aparecida, em Cariacica, por estarem com mandados de busca e apreensão em aberto.
Os três afirmam que levaram os adolescentes até o Plantão da Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito Com a Lei (DEACLE) para as devidas providências e foram informados por policiais civis que o mandado de busca e apreensão expedido contra Kaylan estava com prazo de validade expirado, razão pela qual não poderiam apreendê-lo nessa delegacia.
Com informação, os três PMs teriam colocado Kaylan novamente na viatura policial e disseram que o levariam em casa. Mas, por volta de 3h16, eles se deslocaram até a Segunda Ponte, que tem 14 metros de altura, pararam a viatura, dirigida por Luan, e teriam arremessado o adolescente.
“Segundo apurado, a vítima Kaylan Ladário dos Santos teria se debatido nas águas em uma tentativa de sobreviver, porém não conseguiu evitar o seu afogamento, vindo a óbito e os autores nada teriam feito para salvá-lo. Seu corpo foi encontrado boiando por um pescador, no Bairro Sotema. Conforme consta, o crime foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, visto que ela foi surpreendida com a conduta dos acusados, que estavam em maior número, o que dificultou as chances de esboçar qualquer reação de defesa”, diz a denúncia.
Defesas
A reportagem segue tentando contato com as defesas dos envolvidos. O espaço está aberto para a manifestações.
FONTE: ES HOJE