
As irmãs Maria Cecília Costa, 60, e Fabrícia Costa, 54, moradoras da Rua Dr. José Coelho dos Santos, em Mimoso do Sul, procuraram a reportagem da Folha do ES para denunciar os prejuízos causados pelo escoamento descontrolado de água em seu terreno, localizado aos pés do Morro do Cristo.
Segundo as moradoras, os problemas começaram após intervenções na Rua Belando Nadi, que passa nos fundos da propriedade e teve o curso natural das águas alterado. Assim, o fluxo foi todo convertido para dentro do terreno das irmãs.
A família vive no local há 53 anos, mas somente após essas obras começaram a sofrer com enxurradas que invadem o terreno, destruindo muros, portões e carregando toneladas de terra e entulho. Em um dos episódios, as irmãs precisaram retirar 82 caminhões de terra acumulada.
Neste vídeo gravado pela nossa reportagem, Maria Cecília explica a origem dos problemas no terreno dela e de Fabrícia:

Foto: Marcelo Vicente/ Folha do ES

Foto: Marcelo Vicente/ Folha do ES
Parte do terreno, antes usado até para fotos de casamento, está inutilizada. A nascente e a piscina natural que existiam ali foram soterradas pela lama, embora, posteriormente, a nascente tenha voltado a brotar, ainda que deslocada e com menor volume de água.

Foto: Arquivo Pessoal/ Fabrícia Costa

Foto: Marcelo Vicente/ Folha do ES
Hoje, com os muros levados pela força das enxurradas, o terreno está vulnerável e vem sendo usado por algumas pessoas como passagem entre as ruas Dr. José Coelho dos Santos e Belando Nadi. A família, que já desistiu de construir um novo muro, colocou uma tela na frente para a rua Dr. José Coelho. Além disso, o sistema de manilhas construído na época da casa, destinado ao escoamento da nascente, não suporta mais o volume de água que agora desce do Morro do Cristo, colocando em risco a estrutura da residência.
Procurados pela reportagem, os secretários municipais de Obras, Ricardo Alves, e de Meio Ambiente, Whitson Júnior, afirmaram que a prefeitura já possui projetos para reparação de danos e prevenção de desastres, mas destacaram que o município não dispõe de recursos suficientes, dependendo de investimentos do Governo do Estado e da União. Segundo eles, o projeto de reconstrução do muro na rua Belando Nadi poderia ser encaminhado ao Fundo Cidades, porém, a bióloga especialista em engenharia ambiental Maria Helena Martelete alertou que, sem a solução adequada para o escoamento das águas, o investimento pode ser desperdiçado. Ela defende a instalação de galerias pluviais ao longo da Rua Belando Nadi, com manilhas de muito maior diâmetro que as atuais.


O prefeito Peter Costa reconheceu a necessidade de intervenções mais amplas. Ele informou que o remanejamento da tubulação da Rua Belando Nadi está previsto em um projeto maior de recuperação do Morro do Cristo, que foi submetido ao Fundo Cidades para viabilizar a licitação e execução das obras.

Foto: Marcelo Vicente/ Folha do ES
O prefeito e o secretário de Meio Ambiente também destacaram que o desmatamento ao longo dos anos no Morro do Cristo agravou a situação, defendendo a desapropriação e o reflorestamento da área — uma medida de longo prazo, dada a burocracia e o tempo necessário para a recuperação da vegetação.
Ainda segundo o prefeito, foi contratado um projeto completo para o Morro do Cristo, com custo estimado em R$ 300 mil, dos R$ 500 mil (valor máximo) repassados pelo Fundo Cidades ao município. Um projeto específico para um vertedouro também está em fase avançada e deve ser enviado para análise dentro de 45 dias. Quanto ao remanejamento das manilhas, o prefeito afirmou que não pretende realizar uma obra provisória ou mal planejada, e que esta já estará incluída no projeto do morro, por isso não estabeleceu prazo para a intervenção.
De acordo com informações apuradas pela reportagem, o trâmite administrativo para essas obras inclui o envio da proposta pela Secretaria Municipal de Obras à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano, via sistema eletrônico. Após aprovação, é celebrado o convênio para a contratação da empresa responsável pelos trabalhos.
Até o momento, a Secretaria de Obras não enviou projetos específicos para resolver a situação das irmãs Costa. A residência permanece sem muros em ambas as entradas. Diante dos prejuízos — que incluem gastos com a remoção de terra e a reconstrução parcial do muro —, Cecília chegou a solicitar isenção do IPTU, mas o pedido foi negado pela prefeitura.
As irmãs seguem convivendo com a insegurança e os riscos enquanto aguardam providências efetivas do poder público.
Antes



Depois



Veja abaixo o relato das irmãs:
Confira mais três vídeos abaixo da situação do terreno das irmãs em dias de chuva forte:
Marcelo Vicente Martelete – Folha do ES