
Mais de 3 mil páginas de documentos desapareceram de um inquérito instaurado após denúncia do médico Renato Hackbart contra sua ex-funcionária. A defesa da investigada acusa a polícia de omissão, desorganização processual e violação da cadeia de custódia das provas.
De acordo com os advogados da ex-funcionária, a investigação, iniciada no fim de 2023, apresenta sérias irregularidades. Durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, o celular e outros equipamentos eletrônicos da investigada foram recolhidos sob a justificativa de realização de perícia. No entanto, até o momento, nenhuma análise foi feita e a defesa segue sem acesso ao conteúdo dos aparelhos, mesmo após sugerir formas alternativas para a extração dos dados.
Os advogados relatam ainda que, após conseguir recuperar parte das informações por conta própria, apresentaram petições contendo documentos e a indicação de testemunhas capazes de comprovar a versão da ex-funcionária. Nenhuma dessas testemunhas foi ouvida até agora, e não há explicações oficiais para a omissão.
O caso se agravou quando cerca de 3 mil páginas de documentos entregues pela defesa desapareceram do inquérito. Segundo os advogados, as petições foram juntadas de forma desorganizada e fora de ordem. Apenas após a denúncia feita por veículos de imprensa é que parte do material foi anexada, através de um link para uma pasta em nuvem — ainda assim, sem organização ou identificação adequada.
Outro ponto crítico apontado pela defesa é a violação da cadeia de custódia das provas, já que o inquérito foi encaminhado à Justiça sem os documentos apresentados pela investigada, que só foram parcialmente incluídos após a repercussão pública.
A defesa questiona: por que os documentos foram ocultados? Por que só parte deles apareceu após a exposição na mídia? Onde está o restante do material? Houve alguma análise? E, principalmente, quem se beneficia dessa omissão?
Diante das irregularidades, os advogados informaram que irão acionar a Corregedoria da Polícia Civil e buscar providências junto ao Poder Judiciário.