
01h10 — Tenho estado pensativo sobre o ser humano, a partir de mim. Desde a meninice, luto por liberdades amplas, nascidas a cada instante — até nos sonhos.
Há uma confusão multifacetada sobre o que significa ser livre para se manifestar. Pode-se realmente dizer o que se pensa? Não. Então, não se é livre.
Se a liberdade de expressar o pensamento é tolhida antes mesmo de nascer — por regras, leis e julgamentos —, a sociedade jamais experimentará o auge de sua autenticidade. O que se vê é apenas a aparência refletida no espelho.
A liberdade parcial, disfarçada de convivência e civilidade, não passa de uma coleira confortável — origem silenciosa de tantos distúrbios: ansiedade, pânico, hipocrisia, depressão e outros transtornos da alma.
Quando se proíbe viver nu — no corpo e na fala —, o sistema se revela como uma jaula que impugna o livre-arbítrio. Regrar os desejos é o primeiro passo da involução.
A verdadeira liberdade, desconhecida por esta sociedade, é aquela que não pode ser dita — sufocada por uma moralidade herdada, uma ética ancestral travestida de justiça, como na antiga lei de Hamurabi. Se ousa expressá-la, cortam-lhe a língua.
O pensamento pode ser raso, mas é o que resta neste momento de solidão — e é suficiente para lançar a pergunta que incomoda: você está realmente apto a falar ou escrever o que pensa, seja qual for o pensamento?
Suspeito da existência de uma dimensão paralela, quântica, onde tudo é possível — e se realiza a partir do pensamento livre. Mas aqui, pensa-se tanta besteira que o ser acaba reduzido àquilo que não pode ser.
No trocadilho reverso deste arrazoado: você é aquilo que não pensa — e jamais poderá expressar. Não somos quem somos. A humanidade é a versão piorada e invertida de um ser verdadeiramente liberto.