
A hipertensão arterial é um dos maiores desafios de saúde pública no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um em cada três adultos sofre com a condição, e quase metade dessas pessoas sequer sabe que tem pressão alta. No Brasil, a realidade segue o mesmo padrão alarmante: cerca de 24% da população é hipertensa, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O desconhecimento, aliado a hábitos de vida pouco saudáveis, torna essa doença ainda mais perigosa.
Neste 17 de maio, Dia Mundial da Hipertensão, os cardiologistas da Rede Ebserh, Rodrigo Aguilar (HU-UFSCar) e Jamila Xavier (HUJM-UFMT), esclarecem dúvidas comuns e apontam o que é mito e o que é verdade sobre a pressão alta.
1 – Basta reduzir a quantidade de sal na hora do preparo dos alimentos para evitar o aumento da pressão arterial?
MITO. Segundo Rodrigo Aguilar, retirar o sal da comida é um passo importante para reduzir o consumo de sódio, mas é igualmente importante estar ciente de outros alimentos que também contêm sódio, como alimentos processados, enlatados e fast-foods. Além de reduzir o consumo de sal, é importante manter uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras para ajudar controlar a pressão arterial.
A cardiologista Jamila Xavier orienta que retirar o saleiro da mesa de refeição é uma boa iniciativa, mas outro importante hábito a ser incorporado na rotina é de ler os rótulos nutricionais dos alimentos e escolher aqueles com baixo teor de sal (cloreto de sódio).
2 – O consumo de sódio em excesso está relacionado com o aumento da pressão arterial?
VERDADE. O cardiologista do HU-UFSCar explica que a ingestão elevada de sódio é comprovadamente um fator de risco para o aumento da pressão arterial. A literatura científica mostra que a ingestão de sódio está associada a doenças cardiovasculares como o infarto e o derrame cerebral, quando a ingestão média é superior a 2g de sódio, o equivalente a 5g de sal de cozinha por dia.
3 – Hipertensos devem consumir menos sal?
VERDADE. Mas não somente os hipertensos, como a maioria dos brasileiros deve consumir menos sal do que o habitual. A cardiologista do HUJM-UFMT alerta que a ingestão média de sal no Brasil é de 9,3 g/dia (9,63 g/dia para homens e 9,08 g/dia para mulheres). Ou seja, quase o dobro do recomendado, que é de 5g/dia (ou 2g de sódio por dia).
4 – Estresse eleva a pressão?
VERDADE. Segundo o cardiologista Rodrigo Aguiar, o estresse pode ter um impacto significativo na pressão arterial. Quando uma pessoa está estressada, seu corpo libera hormônios do estresse, como a adrenalina, que podem causar um aumento temporário na pressão arterial.
A cardiologista Jamila Xavier reforça que, caso as situações de estresse estiverem presente cronicamente, isso pode contribuir para o desenvolvimento da hipertensão arterial.
5 – Hipertensão na gravidez é uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil?
VERDADE. Segundo a cardiologista HUJM- UFMT Jamila Xavier, a hipertensão é uma condição potencialmente grave durante a gravidez, visto que pode ser um sinal de insuficiência placentária (pré-eclâmpsia) e pode levar a complicações materno-fetais ameaçadoras à vida, tais como parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclampsia – estas são as principais causas de mortalidade materna no Brasil.
O cardiologista do HU-UFSCar reforça que é importante que as mulheres grávidas monitorem sua pressão arterial regularmente e recebam cuidados médicos adequados para prevenir e gerenciar a hipertensão durante a gravidez.
6 – Consumo de álcool pode levar a hipertensão arterial crônica?
VERDADE. Segundo Rodrigo, o álcool é conhecido por aumentar temporariamente a pressão arterial, e o consumo crônico e excessivo pode levar a hipertensão arterial crônica.
Há maior ocorrência de hipertensão ou elevação dos níveis de pressão arterial naqueles que ingerem seis ou mais doses ao dia, o equivalente a 30g de álcool/dia = 1 garrafa de cerveja (5% de álcool, 600 mL); = 2 taças de vinho (12% de álcool, 250 mL); = 1 dose (42% de álcool, 60 mL) de destilados (uísque, vodca, aguardente). Esse limite deve ser reduzido à metade para homens de baixo peso e mulheres.
7 – A hipertensão não apresenta sintomas e, por isso, é difícil de diagnosticar?
VERDADE. Segundo o cardiologista Rodrigo Aguilar, a hipertensão arterial é frequentemente chamada de “assassina silenciosa” porque, na maioria dos casos, não apresenta sintomas óbvios. Quando os sintomas estão presentes, eles podem incluir: dores de cabeça, tontura, falta de ar, visão embaçada, sangramento nasal, fadiga e zumbido nos ouvidos.
“Este é o perigo da doença, ela é silenciosa. Quando os sintomas aparecem, principalmente de forma aguda, pode ser tarde demais, pois podemos estar diante de quadros ameaçadores à vida, como infarto e derrame, por exemplo”, completa Jamila Xavier.
8 – Quem tem pressão alta tem mais risco de apresentar doenças?
VERDADE. Segundo a cardiologista do HUJM- UFMT, o paciente hipertenso tem maior risco de ter doenças cardíacas, cerebrais e renais. Apresentam, também, até quatro vezes mais chances de apresentar doenças ateroscleróticas (placas de gordura), como o infarto e o derrame.
9 – Apenas pessoas mais velhas podem ter hipertensão?
MITO. Segundo o cardiologista Rodrigo Aguilar, embora a hipertensão seja mais comum em adultos mais velhos, ela pode ocorrer em pessoas de todas as idades, incluindo crianças e jovens adultos. Fatores de risco para hipertensão incluem histórico familiar da condição, excesso de peso, falta de atividade física, consumo excessivo de álcool, tabagismo, estresse crônico e dieta pouco saudável. “Hipertensão é a doença crônica mais comum entre brasileiros. Estima-se que 38 milhões tenham pressão alta – ou cerca de 32% dos adultos. Entre os idosos, a situação é mais crítica: em torno de 60% têm hipertensão. Como a população idosa no Brasil deve crescer nos próximos anos, a incidência da doença deve aumentar junto”.
10 – Hipertensão tem cura?
VERDADE. Apesar de ser mais incomum, a cardiologista Jamila Xavier revela que em 5% dos casos, a pressão alta é sinal de alguma outra doença e, nesses casos específicos, é chamado de hipertensão secundária. A depender da causa, podem ser condições que apresentem cura se tratadas adequadamente, reestabelecendo os níveis normais de pressão do paciente. Já em 95% dos casos a hipertensão é uma doença crônica, de longa duração, e sua cura é muito difícil. Pode ocorrer em situações em que o paciente conquiste uma mudança radical no seu estilo de vida, com hábitos alimentares e físicos saudáveis, ou mesmo aqueles que são submetidos a cirurgia bariátrica e conseguem, através da perda importante de peso, controlar seus níveis pressóricos. Infelizmente, na maioria dos casos, a cura não é possível e o controle dos níveis de pressão arterial dependerá do uso correto de medicações anti-hipertensivas e de hábitos saudáveis de vida.
*Com informações da Ebserh
FONTE: ES BRASIL