Espírito Santo tem 600 agroindústrias ligadas ao turismo rural

Produtores estão explorando novos negócios com o agroturismo, presente em 14,5% das propriedades

Os queijos são um dos produtos mais apreciados pelos fãs do agroturismo. O sucesso é tão grande que o estado instituiu a Rota Turística dos Queijos, na região do município de João Neiva - Foto: Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio -

Por Ludmila Azevedo

A agricultura é uma verdadeira força na economia do Espírito Santo, que apresenta culturas prósperas, a exemplo do café, mamão, gengibre e pimenta-do-reino, sem falar na criação de gado leiteiro e de corte.

Pesquisa do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) indica que 14,5% das agroindústrias familiares no Espírito Santo oferecem atividades de agroturismo. Tomando como base os dados do último censo agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 4.148 empreendimentos familiares no estado, o que leva a uma estimativa de 600 agroindústrias ligadas ao agroturismo.

A Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) acredita que esse número seja ainda maior, pois o Incaper não levou em consideração hospedagens e serviços de alimentação, por exemplo – apenas as propriedades de produção agrícola.

Esses negócios estão em crescimento justamente por estarem estudando o perfil do visitante.

O Relatório de Dados do Segmento de Turismo do Sebrae/ES apurou que, em 2024, o turista que procura destinos no Espírito Santo tem o desejo de escapar de sua rotina e viver algo fora do cotidiano, experimentar novos sabores, mergulhar em culturas genuínas, envolver-se com a comunidade local e criar memórias durante as viagens.

É nesse contexto que o agroturismo tornou-se uma atividade crescente em todo o estado. Ao utilizar sua propriedade como ponto de venda e canal de contato com o consumidor final, o produtor rural pode oferecer atividades como visitas guiadas, degustações de produtos artesanais típicos e hospedagem em pousadas nas propriedades, por exemplo.

Fábrica de biscoitos caseiros atrai turistas em Santa Teresa. É possível acompanhar o processo de produção - Foto: Fabrício Lima
Fábrica de biscoitos caseiros atrai turistas em Santa Teresa. É possível acompanhar o processo de produção – Foto: Fabrício Lima

A gestão de turismo no estado tem observado ainda a ampliação das fronteiras turísticas nos municípios. “Há diversos novos empreendimentos, tais como plantações abertas à visitação, colha e pague, experiências turístico-gastronômicas ligadas à produção rural, entre tantas outras que evidenciam o desenvolvimento do setor”, relatou a Secretaria Estadual de Turismo (Setur) em nota.

A região das Montanhas Capixabas se destaca nesse sentido, com propriedades rurais que, após estudos, passam a diversificar seus negócios. A área inclui Afonso Cláudio, Alfredo Chaves, Brejetuba, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Laranja da Terra, Marechal Floriano, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante.

Segundo Andréia Rosa, diretora-executiva de projetos do Montanhas Capixabas Convention & Visitors Bureau, a chave para o sucesso desses negócios é o investimento na experiência dos visitantes.

“A região das Montanhas Capixabas como um todo tem muito presente o agroturismo, principalmente envolvendo o turismo de experiência.”, comentou.

Pássaros e natureza

O sítio Trogon, no interior de Domingos Martins, é um dos empreendimentos que recebem consultoria do Sebrae/ES. O local oferece aos visitantes um dia de contato com a natureza e observação de pássaros.

Espírito Santo tem 600 agroindústrias ligadas ao turismo rural
Sítio em Domingos MArtins atrai visitantes para observação de pássaros. Cerca de 120 espécies já foram registradas. Foto: Divulgação/Sítio Trogon

“Recebemos visitantes com agendamento pelo WhatsApp. Cobramos R$ 30 e as pessoas ficam livres para passar o dia na propriedade e curtir a tranquilidade da roça. Já registramos cerca de 120 espécies de aves por aqui, e tanto amadores quanto profissionais vêm para observar e fotografar os animais”, afirmou a proprietária do sítio, Ana Lúcia Peres.

É possível avistar espécies raras e em extinção, como o sabiá-cica, que foi registrado pela última vez há dois anos na propriedade. “Por um adicional de R$ 20 por pessoa, é possível solicitar um café à parte. Aqui no sítio fazemos produtos caseiros como biscoitos, sucos naturais, café especial, bolo e geleias, tudo isso está incluso nessa refeição. Aqui também temos uma loja para quem quiser levar os produtos para casa. Vendemos licores, geleias, antepastos e frutas desidratadas como banana, maçã e cambuci”, acrescentou Ana Lúcia.

FONTE: ES BRASIL