
Setor cresce, mas farmácias independentes enfrentam dificuldades
Entre janeiro e agosto de 2024, o setor farmacêutico brasileiro abriu mais de 15 mil novas drogarias, segundo dados da IQVIA.
Apesar da expansão, o número de farmácias fechadas foi alto: 7.938 encerraram atividades no período.
A maioria das unidades que deixaram o mercado — 87,4% — eram independentes.
O principal motivo, segundo especialistas, está nas falhas de gestão e, em especial, na precificação de produtos.
Erros de precificação comprometem a sustentabilidade
Para Layza Evaristo, consultora de negócios do Grupo AMR Saúde, muitos donos de farmácias independentes negligenciam variáveis estratégicas na definição dos preços.
Ela explica que custo de aquisição, percepção de valor e concorrência são pontos ignorados por boa parte dos empreendedores.
Esse desconhecimento compromete a margem de lucro e dificulta a competitividade no varejo farmacêutico.
Redes estruturadas apostam em capacitação
Diante desse cenário, o Grupo AMR Saúde adotou uma estratégia de conversão de farmácias independentes para sua rede.
O foco está na capacitação dos microempresários com treinamentos periódicos sobre gestão e precificação.
A proposta é transformar o dono da farmácia em um gestor com base técnica e visão estratégica.
Segundo a empresa, os treinamentos ajudam a ajustar preços conforme o mercado e aumentam a competitividade das unidades.
Redes estruturadas apostam em capacitação
Um dos casos citados pela consultora mostra o impacto direto das capacitações.
Um franqueado que faturava R$ 20 mil mensais passou a registrar R$ 100 mil após aplicar as novas estratégias.
Segundo Layza, os treinamentos se baseiam em análise de concorrência, contexto regional e margens de lucro.
Esse tipo de resultado, segundo ela, depende da aplicação disciplinada da metodologia.
Treinamentos ocorrem de forma contínua
Os treinamentos da rede são realizados presencialmente em cidades polos e, também, em formato online.
Na média, os encontros virtuais ocorrem duas vezes por semana.
As capacitações envolvem desde os donos das farmácias até os funcionários.
O foco é abordar tanto aspectos operacionais quanto decisões estratégicas.
Erros mais comuns no varejo farmacêutico
Entre os erros recorrentes na precificação, Layza cita a ausência de uma análise completa dos custos envolvidos.
Incluem-se aí despesas com operação, marketing, logística e impostos.
Outro equívoco é copiar o preço da concorrência sem estratégia definida, apenas tentando vender mais barato.
Há ainda quem desconheça a própria margem de lucro ou ignore os preços praticados na região.
Profissionalização impulsiona resultados
Jailson Rocha, franqueado no Nordeste, conta que herdou a farmácia do pai, mas o negócio estagnou por anos.
Após se integrar à rede da AMR, passou a investir em conhecimento e gestão.
“Entendi como os preços afetam diretamente o lucro. A franqueadora me trouxe essa visão de negócio”, relata.
Com as mudanças, o faturamento bruto da unidade subiu 57%.
FONTE: CARTA CAPITAL