O declínio de um monopólio: punição histórica do Governo do ES à A Madeira e o Colapso de Américo Madeira

A A Madeira cresceu em um Espírito Santo carente de infraestrutura, acumulando contratos e poder.

Américo Madeira assiste seu império ruir no Espírito Santo -

Assim como o Império Romano, que dominou o mundo, mas caiu por não se adaptar aos novos tempos, a empreiteira A Madeira Indústria e Comércio Ltda., de Américo Madeira, enfrenta o fim de sua era de glória. Nos anos 1980 e 1990, a empresa era uma gigante no Espírito Santo, liderando obras de infraestrutura e exercendo influência política e judicial. Hoje, é uma sombra do passado, afundada em sanções e isolamento, após uma punição inédita do Departamento de Estradas e Rodagens (DER-ES), autarquia do Governo do Espírito Santo.

A A Madeira foi proibida de licitar e contratar com o poder público por 12 meses, além de não poder renovar, prorrogar ou aditar contratos existentes.

Com base na punição do DER-ES, o Ministério Público deve abrir uma investigação por atos de improbidade administrativa e também iniciar um procedimento criminal. O Tribunal de Contas e o Ministério Público de Contas devem instaurar auditorias, em procedimentos independentes.

  • Sanções do DER-ES: O golpe final

Em 4 de abril de 2025, o Diário Oficial do Espírito Santo publicou as sanções do DER-ES contra a A Madeira por graves irregularidades no contrato nº 017/2014, incluindo:

-Multa de 1% por descumprimento de prazos, como a ausência de engenheiro responsável e falta de revisão do plano de trabalho.

-Multa de 2% por paralisação não autorizada da obra, prejudicando a fiscalização.

-Proibição de licitar e contratar por 12 meses, conforme a Lei nº 8.666/1993.

A decisão marca um novo rigor na fiscalização de obras públicas no Estado, destacando falhas graves da empresa.

  • Américo Madeira: autoritário e isolado

Américo Madeira, sem formação técnica ou superior, compensava sua insegurança com um estilo autoritário, que o isolou no meio empresarial, político e até familiar — com um divórcio, relação com uma funcionária e saída de quase todos os filhos da empresa. Sua postura agressiva com órgãos públicos, como o DER-ES, agrava a crise da A Madeira. “Ele age como se ainda estivéssemos nos anos 90, quando sua influência era lei. Mas os tempos mudaram”, diz um ex-diretor do DER.

  • O colapso de uma potência

A A Madeira cresceu em um Espírito Santo carente de infraestrutura, acumulando contratos e poder. Porém, como Roma, sucumbiu às crises internas e à incapacidade de se modernizar. A gestão centralizada de Madeira, aliada ao descumprimento de contratos, levou ao seu colapso operacional. As sanções do DER-ES expõem a fragilidade de uma ex-potência que não se reinventou.

  • Futuro incerto

A proibição de licitar por 12 meses pode ser fatal para a A Madeira, que depende de contratos públicos. A reputação negativa de Madeira e sua resistência à mudança dificultam a recuperação. O caso sinaliza uma nova era de transparência no Espírito Santo, onde o cumprimento contratual é essencial. Apesar de sua contribuição à infraestrutura, a A Madeira, como a Viação Itapemirim, é um exemplo de que, sem adaptação e humildade, até os maiores colossos caem.