Gestos com as Mãos: Riscos em áreas dominadas por facções criminosas

Gestos simples podem ser mal interpretados e levar a tragédias, como o caso de um jovem sequestrado e morto em Jericoacoara (CE).

Gestos feitos com as mãos podem carregar diferentes significados, e em algumas situações, podem resultar em sérios perigos, especialmente quando mal interpretados. Em várias regiões do Brasil, determinados sinais podem ofender facções criminosas, com consequências extremas, incluindo a morte.

Um caso trágico ocorreu em dezembro do ano passado, quando Henrique Marques de Jesus, um adolescente de 16 anos, foi sequestrado e morto em Jericoacoara, no Ceará, durante suas férias com o pai. A motivação para o assassinato foi um gesto que o jovem fez sem saber: ele levantou três dedos, um sinal que é associado a uma facção criminosa.

Esse gesto, que consiste em destacar o polegar, o indicador e o dedo médio, é reconhecido no universo do crime como um símbolo de uma facção cearense aliada ao Primeiro Comando da Capital (PCC). De acordo com Fábio Pedroto, pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo, o significado de gestos como esse pode variar dependendo do estado. No Espírito Santo, por exemplo, o gesto com três dedos pode representar o “Terceiro Comando Puro”, enquanto dois dedos são frequentemente associados ao “Comando Vermelho”.

Em outras regiões, o gesto com três dedos também pode simbolizar o “Primeiro Comando da Capital” (PCC) ou o “Bonde do Maluco” (BDM). Além disso, sinais como o “L”, a arminha, a mão chifrada e o “hang loose” também são símbolos que podem representar facções e devem ser evitados.

Fábio explica que, em áreas dominadas por facções criminosas, esses gestos servem como instrumentos de controle social e territorial. “A população deve se submeter a essas normas comportamentais, que incluem evitar certos gestos, roupas ou objetos ao acessar esses espaços, que estão sob constante disputa entre grupos criminosos”, afirma.

O delegado e deputado estadual Danilo Bahiense reforça que essas mortes, muitas vezes, são causadas por motivos fúteis, com jovens sendo as principais vítimas. Ele defende que a prevenção de tais tragédias só será possível por meio de investimentos em segurança, educação, cultura e criação de oportunidades de emprego. “O tráfico nunca pode ser uma alternativa de trabalho”, conclui.