O presidente russo Vladimir Putin começará nesta sexta-feira (30) a anexar formalmente 15% do território ucraniano, presidindo uma cerimônia de assinatura do Kremlin para adicionar quatro regiões ucranianas à Rússia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que uma cerimônia de assinatura será realizada na sexta-feira às 15h, horário de Moscou (9h em Brasília), “sobre acordos sobre a adesão de novos territórios à Federação Russa”.

Acordos serão assinados “com todos os quatro territórios que realizaram referendos e fizeram pedidos correspondentes ao lado russo”, disse Peskov.

Os votos foram vistos pelo Ocidente como ilegais e ilegítimos. A decisão de Putin de incorporar as regiões à Rússia significa que Moscou anexará vastas áreas no Leste e Sul da Ucrânia, representando cerca de 15% do território total da Ucrânia.

Autoridades apoiadas pela Rússia em quatro regiões da Ucrânia controladas por forças russas disseram que os referendos mostraram que a maioria esmagadora de suas populações votou para se juntar à Rússia em votos criticados pela Ucrânia e pelo Ocidente como “farsas”.

Após as cerimônias de assinatura no Kremlin, Putin fará um grande discurso e se reunirá com os administradores indicados por Moscou das regiões ucranianas, disse o Kremlin.

Contexto

Os “votos” para referendos sobre a adesão à Rússia, realizados nas quatro áreas ocupadas de sexta a terça-feira, são contrários ao direito internacional e foram universalmente rejeitados como “uma farsa” pela Ucrânia e nações ocidentais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

As contagens citadas em Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia variaram de 87,05% de aprovação a alegações de veredictos quase universais, mas esses números contrastam fortemente com a realidade. De acordo com uma pesquisa da CNN com ucranianos em fevereiro, pouco antes da invasão da Rússia, nenhuma região do país tinha mais de uma em cada cinco pessoas apoiando a unificação ucraniana com a Rússia.

Relatos das regiões afetadas sugeriram que os votos foram coletados nas portas dos civis pelas autoridades, seguidos por guardas armados.

Apesar da rejeição do referendo pela comunidade global e, consequentemente, pelo direito internacional, há preocupações de que Putin use a alegação de apoio ucraniano ocupado à Rússia como pretexto para escalar a guerra.