Com apenas 28 anos, Guilherme Nascimento foi candidato a prefeito da maior cidade da região sul do Espírito Santo, Cachoeiro de Itapemirim, apresentando um Plano de Governo revolucionário, voltado a participação popular. Mas, Guilherme não vem de uma família de políticos, empresários ou doutores, pelo contrário, é filho de Juciane de Souza, auxiliar de escritório, e Paulo Roberto Pianes Nascimento, vendedor. Pais trabalhadores da classe popular. Sendo sempre aluno da escola pública, dependente do Sistema Único de Saúde e usuário de transporte público. O jovem possui a vivência do povo simples.

Guilherme Nascimento nasceu no Aquidabã, as margens do Rio Itapemirim, numa região conhecida como “Terreirão”, sua avó paterna era Judith Pianes Neto, lavadeira e dona de galinheiro. O menino que cresceu virando estrelinha, era assim porque é artista. Chorando para que a avó o levasse nos comícios na Ilha da Luz, era assim porquê é político. Foi coroinha, fazia quadrilha, vendia bingo e rifa para a festa de Santa Rita. Na Emiliano Silva moraram tias, padrinhos, amigos, vizinhos. Quem não se lembra do saudoso Pedro Perim? Foi coordenador da igreja e liderança aguerrida. Entre Dona Judith e Seu Pedro, outras tantas pessoas queridas viram o menino crescer. Entrou no ativismo através dos movimentos estudantis do município, ganhando as eleições do grêmio estudantil da então maior escola Anacleto Ramos, no Ferroviários. Ocupando uma cadeira tanto no Concelho Escolar, quanto Municipal. Foi a partir das Bandas e Fanfarras que a militância pela Cultura se tornou presente em seu cotidiano. Sendo pentacampeão estadual como baliza masculino e coreógrafo de diversas corporações musicais do estado.

A eleição deste ano irá ocorrer no dia 2 de outubro e os eleitores brasileiros votarão para deputados (federal, estadual e distrital), senador (apenas um), governador e presidente. Sendo um possível forte candidato progressista a Câmara dos Deputados. Em fevereiro de 2022 diversos movimentos da sociedade lançaram um manifesto em apoio ao nome de Guilherme Nascimento para pré-candidato a deputado federal pelo Espírito Santo. O documento conta com seis eixos estruturantes numa possível atuação em Brasília, sendo eles: Visão Sustentável contra o colapso ambiental; Fortalecimento da Saúde, Ciência e Pesquisa; Enfrentamento da crise do capitalismo com uma legislação e fiscalização socialista; Reversão do desmonte Bolsonarista a partir de Educação, Cultura, Esporte e Segurança; Implantação de propostas para Cidades Educativas (Transporte, Infraestrutura, Saneamento); Valorização das pautas para populações minorizadas/invisibilizadas/marginalizadas. O manifesto de apoio já possui mais de trezentas assinaturas, e está disponível no link: https://forms.gle/px7WcVeeN2ro8Xvt5

Formando em Pedagogia e Gestão Pública, o jovem é filiado ao Partido PSOL, luta pelo respeito a população LGBTQIAP+, a qual faz parte, e pelo direito a Cultura, principalmente aos mais pobres. Atualmente é presidente do Espaço Cultural Casa Roxa em Marataízes/ES, um coletivo social que envolve mais de cinquenta artistas e educadores para promoção da educação, do esporte e da cultura. Guilherme é editor chefe do jornal comunitário local, consultor de projetos educacionais, coordenador de eventos e produtor de marketing criativo. De acordo com as projeções a médio/longo prazo do setor político, Guilherme é um forte nome para a Câmara Municipal da Pérola Capixaba, é estrategista e defensor da gestão pública humanizada, lidera uma militância ativista com a juventude e classe artística da região. 

Em ligação direta ao educador e artista, evidencia-se algumas perguntas respondidas a matéria:

  • Quando você descobriu sua paixão pelo conhecimento e pelas artes?

- Eu me lembro quando minha avó Judith espantou as galinhas do seu galinheiro, e começou a pedir doação de livros, eu ficava horas brincando naquela biblioteca improvisada, dava aulas para os coleguinhas da rua. Foi quase no mesmo período que eu quebrava as coisas em casa dançando Michael Jackson e Beyoncé. Eu descobri minhas paixões desde cedo, tanto na educação, quanto na cultura, e na política, eu amava ir aos comícios políticas na Ilha da Luz.

  • A autodescoberta e aceitação como gay foi um processo difícil?

- Nunca é fácil, para uns é pior e para outros de nós menos dolorido, mas as dores são incomparáveis, cada um tem a sua realidade. Houve sim repressão, tapas na mão para tirá-la da cintura, o famoso “fala grosso rapaz”, até bullyings mais pesados em outros espaços da sociedade. Mas foi justamente a educação e as artes que salvaram minha vida, e salvam até hoje. As pessoas confundem muito opiniões com garantias de direitos, o problema é que muitos de nós morrem por ignorância e maldade de outros, e isso não pode acontecer, pois vivemos em democracia, e os tempos das fogueiras, enforcamentos e câmaras de gás já passou para não voltar.

  • Porque você escolheu a política?

- Foi a política que me escolheu. As pessoas nascem com dons, com vocação, e eu acredito que a minha é a gestão pública. Fomos instruídos pelo sistema a achar que política é algo sujo e complicado, que é a causa de todos os problemas e devemos nos manter longe. Mas esse é o grande perigo, porque a solução vem da política, e é lá que pessoas boas precisam estar para fazer a diferença. Eu adoro uma campanha, adoro o diálogo, a debate de soluções, a organização social, os movimentos atuantes que existem na sociedade. Eu amo criar projetos e colocá-los em prática a partir da coletividade. Essa é a essência.

  • Como foi ser candidato a prefeito de Cachoeiro?

- Foi desafiador, mas incrível! Eu pude sentir a força das pessoas querendo mudança, a necessidade de debatermos sobre temas antes esquecidos, falar dos nossos verdadeiros problemas do dia a dia, e como uma boa política pode resolve-los de fato. Foi um ato de coragem e ousadia que eu faria quantas vezes fosse necessário para representar nossas vozes tantas vezes silenciadas pela elite desse país. Quando a política for feita por quem realmente precisa dela para sobreviver, quando o primeiro quesito para se eleger for a boa vontade e intenção, caminharemos para um futuro melhor.

  • De aonde veio a iniciativa “Casa Roxa”?

- Nós sempre produzimos muita arte e cultura, em todo lugar, igrejas, praças, comunidades, mas percebemos que falta incentivo e fomento para nossas ações, e o primeiro passo que tive há oito anos atrás foi abrir minha casa para esse coletivo. Hoje somos mais de cinquenta na Casa Roxa, do esporte, da educação e da cultura. Com aulas diversas, produção de projetos e espetáculos, estamos provando que nossa terra possui artistas talentosos e educadores que fazem a diferença. Buscamos incentivo e reconhecimento.  

  • Hoje você vive em Marataízes, o que espera?

- Marataízes sempre foi meu lar também, eu cresci brincando na praia da cruz, viajei com a, infelizmente desativada, Corporação Musical de Marataízes, por todo o Brasil, representando a Pérola Capixaba. Eu sofri com o avanço do mar e a derrubada do iate, e comemorei com as novas praças e orlas. Sei que muito precisa ser feito ainda, mas que estamos no caminho certo. Eu espero que tenhamos uma valorização da Cultura, um maior incentivo aos espaços culturais e coletivos. Que a gestão seja cada vez mais eficiente e inclusiva.

  • Você é filiado ao PSOL, já foi presidente municipal, o que esperar do partido nos próximos anos?

- O PSOL tem uma identidade forte, não arreda o pé em favor do povo mais simples, do respeito a diversidade, do progresso sustentável. Levamos o PSOL para Cachoeiro e fizemos muito bonito nas eleições, agora o partido se estrutura em Marataízes para fazer o bom embate ao lado das novas gerações, dos minorizados e invisibilizados. Sinto novos ares no litoral sul capixaba, ares de mudança, de política humanizada e participativa. Nossa campanha de filiação esta indo de vento em poupa, e muitos marataizenses já reconhecem o PSOL como uma sigla que veio somar para a qualidade política local.

  • Qual sua análise da política nacional?

- Temos uma onda destrutiva no poder, o bolsonarismo, uma política suja, conservadora e de extrema direita, que traz impactos negativos na vida da classe trabalhadora, da juventude e de outras frentes da sociedade. Não será fácil reverter os desmontes sociais causados pelo governo federal e seus adeptos nos Estados e Municípios, pois líderes pararam de discutir soluções para o povo e passaram a disputar ideologias e crenças. Encheram a política de ódio, e ela não foi criada para isso.

  • Qual sua análise da política local?

- A solução é focarmos na gestão local, pensando no progresso sustentável e na qualidade de vida de cada cidadão, Tininho Batista (PDT) vêm fazendo isso em Marataízes, mas aguardamos a criação da Secretaria Municipal de Cultura para que o setor seja melhor atendido, pois ainda falta muito para a classe artística local. Já estamos chegando no mês de junho, e NENHUMA ação de apoio/incentivo foi posta em prática para os espaços e coletivos artísticos do município ainda. O que demonstra um enorme abandono na área.

  • Quem pretende apoiar nas eleições de 2022?

- O objetivo das forças progressistas é eleger Lula (PT) presidente no primeiro turno das eleições de 2022. Para governo do Espírito Santo meu apoio é do Capitão Sousa (PSTU). Ao Senado, meu apoio é do companheiro Gilbertinho Campos (PSOL) e para Deputada Estadual, Camila Valadão (PSOL).

  • Como anda sua pré-candidatura a deputado federal?

- Apesar dos movimentos sociais terem lançado um manifesto em defesa do meu nome, o PSOL encontra-se em federação com a REDE Sustentabilidade, uma parceria de quatro anos entre os partidos, logo para o lançamento de meu nome a Câmara depende de muito diálogo construtivo entre as bases do partido, isso já vem sido feito, mas seja qual for a decisão, nossa militância é ativa dia a dia, em favor da educação, da cultura, da juventude, do povo simples, tantas vezes oprimido. Por isso o mais importante já foi feito, coloquei meu nome a disposição para essa construção.