Prova de que o ex-deputado federal Marcelino Fraga está à frente de empresas e negócios que não estão em seu nome é a negociação de arrendamento da Fazenda Santa Clara pela Fibria Celulose, para plantio de Eucalipto.

O IDAF concedeu nesse governo a Licença de Plantio. Marcelino Fraga foi quem tratou com o IDAF e com a FIBRIA diretamente, portando-se como dono de fato da propriedade de Ecoporanga. Por isso, houve a denúncia do MP contra ele por crime ambiental, na modalidade corrupção de água potável em área de preservação permanente, na Fazenda Santa Clara.

A negociação com a FIBRIA envolve grande plantio de eucalipto, com ocupação volumosa da Fazenda Santa Clara, em troca de altos valores pagos diretamente a Marcelino Fraga. Fontes do IDAF se dizem constrangidas com tão situação, pela abrangência das licenças sem análise aprofundada do impacto hídrico do plantio de eucalipto na área. A região é tida como vulnerável e se encontra em local de grande stress hídrico.

Curioso é que a FIBRIA CELULOSE, pautada por regras de “compliance” e integridade, tenha negociações com Marcelino Fraga, sem constrangimentos ou cautelas redobradas nos estudos. Sobretudo diante das circunstâncias específicas em que se encontra a área arrendada e seu dono de verdade (Fraga).

A Fazenda Santa Clara foi local de crime ambiental gravíssimo, gerando a denúncia contra o dono de fato, Marcelino, que não tem a propriedade em seu nome por conta de processos. Além disso, o ex-deputado é condenado em três ações movidas pelo MPF, tendo a justiça federal o condenado a quase 10 anos de prisão, dentre outras sanções (suspensão de direitos políticos, inelegibilidade, multa, etc).

Não tem a FIBRIA um manual de “compliance” a seguir com situações e pessoas nessa situação? Não há impeditivo ético para tal negociação, diante do suposto filtro de integridade do qual se gaba a multinacional?

O arrendamento da Fazenda Santa Clara em Ecoporanga para imenso plantio de Eucalipto, em negociação direta com Marcelino Fraga, o ex deputado da máfia dos sanguessugas, é um escárnio com a sociedade. E uma mancha na biografia da FIBRIA e na lisura de seu “compliance”, revelando que seu controle de integridade fraquejou diante de seus interesses econômicos.

Jamais poderia a multinacional aceitar proceder com negociações em área vítima de crime ambiental, com o próprio autor do crime já denunciado pelo MP, tendo a justiça aceito a denúncia diante dos indícios robustos.

Ademais, esse mesmo autor já é condenado em três ações do MPF a mais de 10 anos de prisão, tendo a justiça federal registrado que Marcelino desviava dinheiro público da saúde, cobrando propina de 10%, sendo ele determinante para o sucesso do esquema dos sanguessugas no ES (isso está nas sentenças, escrito).

O MP já foi acionado para investigar esse arrendamento e essa negociação. A FIBRIA terá que se explicar às autoridades, inclusive o motivo pelo qual seu sistema de “compliance” foi tão complacente, com o perdão do trocadilho.