A história do casal começa em um hotel em Scarborough, distrito de Toronto, Ontário, no Canadá. Karla Leanne Homolka, uma estudante do ensino médio de 17 anos, havia ido para o local para atender uma convenção promovida por um fornecedor da clínica veterinária onde trabalhava.

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Paul Kenneth Bernardo, 23, um contador bem-sucedido e ambicioso que morava no distrito, conheceu Karla no bar do hotel que sediava a convenção numa noite de 1987. Foi amor à primeira vista. Eles logo começaram a se relacionar. Saíam com frequência e faziam tudo juntos.

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Paul visitava a casa da família de Karla em St. Catharines, uma viagem de 1h30 partindo de Scarborough. Ele conquistou a confiança dos pais e das irmãs mais novas de Karla, Laurie e Tammie, que apoiavam o relacionamento. Contudo, uma tragédia ocorreria no natal de 1990.

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Após a ceia, os pais permitiram que Tammie, que tinha 15 anos, bebesse um dos drinks que Paul estava preparando. Depois de eles irem dormir, a jovem continuou interagindo com o casal. Na madrugada do dia 25, porém, paramédicos tiveram de ser acionados para atender a jovem.

ImagemSua irmã chamou a emergência após encontrar a irmã desmaiada no chão, aparentando estar com uma “bola” na garganta. Contudo, não se tratava de um desmaio: ela havia falecido após engasgar no próprio vômito, conforme Paul relatou à equipe médica.

Meses depois, Paul e Karla se mudam para uma casa em Port Dalhousie, uma comunidade de St. Catharines. No final de junho de 1991, o casal se casa. No dia da cerimônia, no Lago Gibson, em Niagara, distrito próximo a St. Catherines, restos mortais de uma jovem são encontrados.

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Bill Grekul, residente da região, havia ido para o lago para passear com sua canoa quando encontrou membros de um cadáver presos a pedaços de concreto no fundo do lago. O corpo esquartejado era de uma jovem de 14 anos desaparecida havia semanas, Leslie Mahaffy.

 

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Pouco menos de um ano depois, em abril de 1992, Kristen French, 15, é sequestrada em St. Catharines enquanto retornava da escola para casa. Testemunhas a viram sido colocadas num carro por uma dupla. Duas semanas depois, seu cadáver é encontrado em um bosque.

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Foi deixada em meio a grama, nua, com a cabeça raspada e em posição fetal. Embora acreditassem que os casos estivessem ligados, a polícia canadense não tinha nenhuma pista de quem seriam os responsáveis – até uma denúncia de uma vítima de violência doméstica em fevereiro de 1993.

 

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Naquela data, Karla foi até a delegacia relatar que estava sendo abusada física e psicologicamente pelo marido. Ela relatou que ele o agredia e a xingava com constância. Porém, ela ofereceu uma revelação inédita: Paul seria o responsável pelas mortes de Leslie e Kristen.

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Karla explicou como elas foram sequestradas e esclareceu que elas foram mantidas em cárcere privado no porão da casa deles por dia a fio, onde foram espancadas, torturadas e estupradas até serem mortas. Ainda, Paul teria feito gravações dos abusos.

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Homolka também declarou que se envolveu nos crimes, mas que foi coagida pelo marido, que ameaçava a ela e sua família se não cooperasse. Contudo, ela teria reunido a coragem para denunciá-lo pois temia que ela seria a próxima vítima de Paul.

Além disso, Karla fez outra revelação: o “Estuprador de Scarborough”, um abusador em série que atuou no distrito por três anos, de 1987 a 1990, e fez pelo menos 16 vítimas, todas adolescentes e jovens adultas, e que ele foi responsável pela morte de sua irmã mais nova.

De fato, os ataques haviam parado na mesma época em que Paul se mudou para morar com a família de Homolka em 1990, mudança temporária antes de ele comprar uma casa para morar com Karla. No dia 17 de fevereiro de 1993, Bernardo foi levado preso de sua residência.

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Paul foi indiciado pelos estupros em série em Scarborough, mas a única evidência de que estaria envolvido nos assassinatos de Leslie e Kristen era o testemunho de Karla. Assim, a polícia passou 71 dias investigando a residência do casal em busca de provas materiais.

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Em especial, as autoridades buscavam encontrar as fitas que Karla havia mencionado. Todavia, nenhuma prova de que havia ocorrido qualquer crime naquela casa foi encontrada – pelo menos, pela polícia. No entanto, o advogado de Paul foi instruído a onde procurar.

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No vão da lâmpada do banheiro do segundo andar, esticando seu braço, Kenneth Murray conseguiu puxar um pacote contendo seis fitas. O conteúdo delas não era apenas perturbador, como também evidenciava que Karla não teria sido uma mera vítima, mas sim cúmplice do marido.

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Karla manipulou a narrativa das mortes de Leslie e Kristen para ser reconhecida como outra vítima de Paul, quando, na verdade, participou ativamente nos abusos - e até orquestrou alguns deles.

Não só aparecia estuprando e torturando Leslie e Kristen de forma casual e aparentemente deliberada, como também foi mostrado que foi ela quem, estando na sua própria casa, com a presença dos pais, administrou uma substância tóxica em um pano para drogar Tammie.

Contudo, a substância utilizada, halotano, que foi furtada da clínica onde trabalhava, pode ser mortal quando aplicada diretamente na face de uma pessoa, como ela fez com a irmã, na intenção de permitir que o namorado a estuprasse – ato do qual ela também participou.

Ainda, Karla teria sido responsável por sequestrar e manter uma de suas amigas mais próximas presa em sua casa de forma deliberada, para que pudesse ser abusada quando Paul retornasse para a residência, fato que ela omitiu para a polícia.