O ano é 1888. Whitechapel era uma área que, embora perto do centro de Londres, se caracterizava como um logar distante e pouco chamativo. Mary Ann Nichols, conhecida como Polly, era uma das quase 1200 prostitutas que havia em Whitechapel na época.

Imagem

Segundo estimativas da Polícia Metropolitana, media 1.60m, tinha 45 anos e lhe faltavam cinco dentes. Por volta de 01h da madrugada de sexta-feira, 31 de agosto de 1888, Polly procurava um lugar num alojamento na rua Flower and Dean, onde já dormia fazia uma semana.

Imagem3

Rondando às 02h30, encontrou-se com sua amiga Ellen Holland, que relatou que Polly, completamente alcoolizada, precisava apoiar-se nas paredes para não cair. Ellen insistiu que Polly a acompanhasse de volta ao alojamento, mas Polly recusou e seguiu em diante.

Imagem,

Por volta das 03h40, dois condutores de carroça, Charles A. Cross e Robert Paul, estavam indo para o trabalho, quando Charles avistou algo do outro lado da rua, perto da entrada de um estábulo. Ao atravessar a estrada, verificou que se tratava do corpo de uma mulher.

Imagem

O cadáver encontrava-se de olhos arregalados, mãos ao lado do corpo, as saias levantadas até a cintura e com as pernas ligeiramente separadas. Nas proximidades, encontraram o policial Jonas Mizen, da Polícia Metropolitana, fazendo a ronda e lhe levaram ao corpo.

Já no necrotério, quando as roupas foram retiradas do corpo, os investigadores conseguiram observar que, além dos ferimentos no pescoço, o abdômen havia sido aberto e o intestino exposto.

Na manhã seguinte, o dr. Llewellyn retornou para fazer uma autópsia mais minuciosa e identificou alguns arranhões na área do rosto/pescoço, tal como uma incisão circular no pescoço que seccionou todos os tecidos até a vértebra.

Segundo John E. Douglas, pioneiro na criação da ciência dos perfis criminais para o FBI, no livro “The cases that haunt us”, “O arranhão no pescoço indica uma tentativa de derrubar a vítima e torná-la incapaz de resistir. Então, verificamos as diversas e profundas facadas [...]".

“[...] que sugerem um acesso de raiva ou, em geral, tensão sexual liberada. Trata-se de alguém que não só odeia mulheres, mas também tem uma curiosidade bizarra e pervertida a respeito do corpo humano, que pode caracterizar um demente”, completou Douglas.

Martha Tabram, 40, era uma trabalhadora em um armazém local. Passou por 2 casamentos e se divorciou duas vezes, por conta de seu alcoolismo. Na noite de 6 de agosto de 1888, ela combinou de sair com sua amiga Mary Ann Connolly.

Segundo Mary Ann, ambas haviam visitado vários bares, onde ficaram com dois militares, acabando por se separar mais tarde. Por volta das 03h30, um taxista voltava para seu apartamento, quando viu o que pensou ser um mendigo dormindo na rua.

Cerca de uma hora depois, um morador que trabalhava nas docas, John Saunders Reeves, desceu as escadas e viu o que percebeu ser um corpo. Ainda de madrugada, por volta das 05h30, o dr. Timothy Killeen foi convocado pelas autoridades para examinar o corpo.

Imagem

A perícia determinou que a mulher havia falecido em torno de duas horas antes e que foi esfaqueada 39 vezes, sendo os seios, o abdômen e a genitália as áreas mais atacadas. No dia 8 de setembro, mais um caso veio à tona.

Pouco antes das 06h, o carroceiro John Davis saiu da sua casa para ir ao banheiro externo. Ao descer as escadas, à esquerda dos degraus da porta dos fundos, se deparou com o corpo de Annie Chapman, que jazia deitada de bruços entre a escadaria e a cerca do pátio da propriedade.

Imagem

O vestido tinha sido puxado sobre sua cabeça, a barriga estava aberta e os intestinos foram puxados para fora e jogados sobre o ombro esquerdo. O primeiro oficial de polícia a chegar ao local foi o inspetor Joseph Chandler, que cobriu o corpo e mandar chamar um legista local.

O dr. George Bagster Phillips, o legista designado, descreveu o corpo: “O braço esquerdo estava cruzado sobre o seio esquerdo; as pernas, dobradas. Os pés descansando no chão e os joelhos virados para fora. O rosto, todo inchado, voltado para o lado direito. [...]".

"[...] A língua, muito inchada, projetava-se entre os dentes da frente, mas não ultrapassava os lábios”, completou o médico. Além disso, o útero, parte da vagina e a maior parte da bexiga haviam sido levados e removidos por completo, aparentemente cortados de forma cuidadosa.

Imagem

O policial Henry Lamb chegou ao local e mandou chamar o dr. William Blackwell. Segundo Blackwell, a causa da morte teria sido enforcamento com o lenço da vítima, tendo a garganta sido cortada em seguida.

Na mesma madrugada, perto das 01h50, o policial Watkins, descobriu o corpo de Catherine Eddowes, que jazia numa poça de sangue. A garganta dela fora cortada, seu vestido levantado, seu abdômen aberto e os intestinos puxados para fora e dispostos sobre o ombro direito.

Imagem

Além disso, o dr. Frederick Gordon Brown, médico legista da Polícia da Cidade, descobriu que o útero e os rins haviam sido removidos e levados do local. No início de novembro, Thomas Bowyer, militar reformado do Exército da índia, descobriu mais uma vítima.,

Imagem

Ele havia sido enviado para um aluguel na casa de Mary Jane Kelly, uma irlandesa de 24 anos. Faltando pouco para as 11h, Bowyer chegou lá, mas o apartamento aparentava estar vazio. Após espiar o interior da casa, ele ficou paralisado com a cena que viu.

Mary Kelly estava caída na cama, brutalmente mutilada, estripada e rasgada, ao ponto que já não era possível distinguir exatamente as proporções do seu corpo. “O rosto estava retalhado e a cabeça, quase separada do corpo. Os seios haviam sido cortados fora”, disse o dr. Phillips

O legista continuou a descrição: “o abdômen aberto e os órgãos internos espalhados pelo quarto. Em muitas partes do resto do corpo, incluindo a zona púbica, a coxa e o glúteo direitos, a carne fora retirada do osso. O coração fora levado da cena”.

Imagem

Este foi o último crime (conhecido) de um dos mais notórios serial killers da história, que ficou conhecido como “Jack, o Estripador”. O pseudônomino se originou da famosa carta “Caro Chefe”, enviada por um indivíduo que se referiu ao título como seu “nome profissional”.

Imagem

Imagem

A carta causou bastante alarde na época, inspirando várias outras pessoas a enviarem cartas copiando a linguagem e o estilo do “Jack”. Contudo, acredita-se que se tratava de sujeito querendo se passar pelo assassino. Sobre a carta, John Douglas explicou que:

Imagem

“Sob o enfoque da psicolinguística, a carta ‘Caro Chefe’ é uma atuação, uma caracterização feita por uma pessoa articulada e instruída, pretendendo se passar por um assassino enlouquecido. É bastante organizada, indicando inteligência e pensamento racional, além de ‘bonitinha’”.

“Não acredito que um criminoso deste tipo pudesse jamais pensar em suas ações como ‘joguinhos’ ou dizer que sua ‘faca era tão boa e afiada’, completou Douglas. Por outro lado, uma carta sem remetente, intitulada “Carta do inferno” (ou “Carta Lusk”), teve mais credibilidade.

Imagem

A referida carta foi enviada com a metade de um rim, possivelmente pertencente a Catherine Eddowes, anexa ao envelope. Douglas acredita que o verdadeiro assassino escreveu a carta, pois seria a única que combina com o tipo de personalidade que seria de “Jack”.

,Com a ausência de um culpado, as teorias a respeito da verdadeira identidade do assassino de Whitechapel são várias. Entre as inúmeras hipóteses, a que é mais apoiada por John Douglas, com base na análise do perfil do criminoso, é a que Jack, o Estripador seria David Cohen.

Imagem

David Cohen era um judeu polonês cuja internação no Friern Hospital, hospital psiquiátrico, coincide exatamente com o fim dos assassinatos. Ele foi detido pela polícia no dia 12 de dezembro de 1888, com 23 anos, após ser "encontrado vagando sem destino e incapaz de cuidar de si".

Imagem

Cohen foi descrito como um anti-social violento e foi mantido em isolamento. Quando lhe ofereciam vestuário, ele o arrancava e rasgava do corpo. Acabou falecendo no ano seguinte, no dia 20 de outubro. A causa da morte declarada oficialmente foi "exaustão maníaca".

Imagem

Recentemente, em 2019, um estudo publicado na revista acadêmica Journal of Forensic Sciences indicou, por meio de evidências genéticas, que o assassino era Aaron Kosminski, um barbeiro polonês que tinha a mesma idade de Cohen à época dos crimes.

Imagem

Contudo, a pesquisa recebeu algumas críticas, não podendo ser confirmada a identidade de Jack, o Estripador, com certeza absoluta, restando muitas outras teorias sobre sua identidade. E você, leitor, quem acha que era o assassino de Whitechapel?

Imagem