Em 16 de outubro de 1936, em Yáblochnoye, uma vila ucraniana, nasceu Andréi Románovich Chikatilo, filho de Anna e Roman Chikatilo. Nascido na época do Holodomor, expressão ucraniana que significa "matar pela fome", Andréi e seus pais tiveram uma vida de escassez.

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A família morava em uma cabana de apenas um quarto e, durante a 2ª Guerra Mundial, em 1941, Roman foi convocado pelo Exército Vermelho. Lá, foi ferido em combate e foi levado pelos nazistas como prisioneiro de guerra. Anna, então, passou a cuidar dos filhos sozinha.

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Em 1943, Anna deu à luz a uma menina, que pode ter sido concebida como resultado de um estupro cometido por um soldado alemão. O ato teria sido praticado na presença de Andréi, já que a cabana da família possuía apenas um quarto.

Quando criança, Andréi costumava ver diversos cadáveres desmembrados pela vila, visto que o canibalismo era comum na região, naquela época, em razão da fome, e cresceu ouvindo sua mãe dizer que seu irmão mais velho havia sido sequestrado e comido pelos vizinhos.

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Não se sabe a veracidade da história que Anna contava aos filhos e se ela o fazia apenas para assustá-los e deixá-los sob controle, mas não há nenhum registro de nascimento ou morte de Stepan Chikatilo.

Além do terror da escassez, fome e guerra, Andréi desenvolveu uma sede de vingança por achar que foi castrado durante a infância. Ele possuía uma condição sexual que o deixava permanentemente impotente e sofria de enurese noturna (emissão involuntária de urina).

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Quieto e recluso, Andréi sofria bullying no colégio pelo seu jeito "peculiar" e "afeminado". Conforme se tornou mais forte e alto, as provocações diminuíram. Mesmo assim, ele Chikatilo focou nos estudos, pois tinha dificuldade em se socializar e de se relacionar com o sexo oposto

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Em 1957, Andréi foi convocado pelo exército soviético. Depois que terminou o serviço obrigatório, em 1960, entrou para o Partido Comunista. Com diplomas em artes liberais, literatura russa, engenharia e marxismo-leninismo, ele era visto como um cidadão culto e respeitável.

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Casou-se com Feodosia Odnacheva em 1963, com quem teve dois filhos. A mulher o descreveu como um marido trabalhador, amoroso e um ótimo pai, que nunca havia sequer levantado a voz para os filhos. No trabalho, no entanto, a história era outra.

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Em 1971, ele começou a lecionar; porém, seus alunos não o respeitavam, sendo apelidado de de "ganso" por ter um pescoço comprido e ombros largos. Isso o levou trazer uma faca para a escola todos os dias, mas nunca a usou. Anos depois, Andrei foi demitido por assédio sexual.

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Em 1973, ele cometeu sua primeira agressão sexual - da qual se tem conhecimento. Em um passeio com a família, ele nadou até uma aluna de 15 anos e, fingindo preocupação com a profundidade da piscina, apalpou seus seios e genital, e ejaculou enquanto ela tentava se esquivar dele.

Andréi também espiava os quartos dos alunos e se masturbava, com a mão no bolso, enquanto o fazia, além de ter trancado uma aluna na sala de aula para agredi-la sexualmente. Ele nunca foi punido por esses crimes, mas foi demitido, conseguindo emprego em outras instituições.

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Em setembro de 1978, ele se mudou para Shakhty, onde cometeu seu primeiro assassinato. Em 22 de dezembro daquele ano, ele atraiu uma garota de 9 anos para uma casa velha que havia comprado, em segredo, na periferia da cidade, e lá tentou estuprar Yelena Zakotnova.

Irritado por não conseguir uma ereção e por Yelena lutar contra ele, Andréi a sufocou e esfaqueou sua intimidade, simulando penetrações e ejaculando enquanto o fazia. Sua 2ª vítima, 3 anos depois, foi Larisa Tkachenko, uma prostituta de 17 anos.

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No dia 23 de setembro de 1981, ele tentou ter relações com a garota; porém, não conseguiu ter uma ereção, levando a vítima a zombar dele. Então, Andréi a estrangulou, mordeu sua garganta, cortou seus seios, comeu seu mamilo e ejaculou sobre o corpo deformado.

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Ao notar que se excitava ao cometer tais atrocidades, Chikatilo deu início a uma onda de assassinatos que resultou em mais de 50 vítimas. A terceira, Lyuba Byriuk, uma menina de 13 anos, foi esfaqueada 40 vezes e teve seus olhos mutilados, o que se tornou o selo do serial killer.

A 5ª vítima, Oleg Podzhiváev, de 9 anos, foi a primeira vítima masculina. Apesar de o corpo de Oleg nunca ter sido encontrado, Andréi assumiu que era responsável por sua morte e confessou ter cortado os órgãos genitais do garoto, o que repetiu com todos os meninos que matou.

Andréi passou a fazer viagens constantemente, devido ao seu trabalho e, em dois anos, foram encontrados cerca de 23 corpos espalhados pelo país. Ele sempre abordava e atraía a vítima em estações de trem e cometia as atrocidades em florestas.

Os corpos multilados tinham os olhos perfurados, genitais retiradas e pedaços arrancados por mordidas. Apesar da semelhança entre os casos, o Partido Comunista negava a existência de um serial killer em seu Estado, o que possibilitou que Andréi seguisse impune por 12 anos.

Durante os anos de investigações e pressão pública, a polícia chegou a se encontrar com Andréi três vezes. A primeira, após o 1º assassinato, foi quando moradores da região contaram sobre o estranho professor e a casa velha, de onde avistaram sair garotas diversas vezes.

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Quando a polícia o abordou, ele disse que havia passado a noite em sua casa, e sua mulher confirmou o álibi. Por esse assassinato, outro suspeito foi preso e condenado a morte, mas a polícia descobriu o erro tarde demais: ele já havia sido executado.

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O 2º encontro foi em 6 de novembro de 1984, quando policiais à paisana estavam espalhados por todas as estações de trem a procura do serial killer e notaram atitudes suspeitas em Andréi. Na pasta que carregava encontraram um pote de vaselina, faca, toalha suja e uma corda.

Apesar dos itens suspeitos e de terem o flagrado abordando crianças e mulheres na estação, Chikalito foi liberado após seu tipo sanguíneo não coincidir com o que havia sido extraído do sémen encontrado em uma das vítimas. Seu sangue era A e o tipo sanguíneo no sémen era AB.

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Mais tarde, com a ajuda de especialistas do Ministério da Saúde russo, foi constatado que o sangue retirado das secreções não tinha a mesma validade do sangue de amostras, ou seja, todos os suspeitos liberados pelo exame de sangue eram, novamente, suspeitos.

O 3º encontro com as autoridades ocorreu em 6 de novembro de 1990, quando outro policial à paisana, que estava, na estação avistou um homem emergir da floresta e limpar seus sapatos em uma bomba d’água. Ele era grisalho, alto, carregava uma maleta e tinha sangue na orelha.

Ao ser abordado, ele se identificou, mas não foi seguido pelo policial pois o parceiro dele havia saído do local. Sete dias depois, outro corpo foi encontrado na mesma estação. Quando o legista confirmou que a morte ocorreu no dia 06, Andréi se tornou o principal suspeito.

Sem provas, as autoridades passaram a vigiá-lo, mas não obtiveram nada concreto. Em 20 de novembro, Andréi finalmente foi preso. O procedimento local determinava que tinham 10 dias para que ele confessasse o crime ou deveria ser liberado. Durante 9 dias, Chikalito negou veemente.

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Somente no 10º dia, quando o psiquiatra que havia ajudado a polícia a traçar o perfil de Andréi foi convocado para conversar com o suspeito, conseguiram uma confissão. O açougueiro de Rostov foi, finalmente, capturado. Em 14 de abril de 1992, seu julgamento teve início.

Os familiares das vítimas, aos berros, tentavam atacar o réu, o que o levou a ser colocado em uma jaula de ferro instalada no tribunal. Dentro dela, ele gritava obscenidades, cantava e chegou até mesmo a tirar sua calça. Toda a encenação era uma tentativa de parecer insano.

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O homem que mutilava suas vítimas, arrancava suas línguas e comia partes dos corpos recebeu sua sentença em 14 de outubro de 1992. Culpado por 5 acusações de abuso sexual e 52 homicídios, Andréi foi condenado a morte, já que a defesa não conseguiu provar a insanidade insinuada.

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Institutos de pesquisa de saúde mental de diversos países ofereceram enormes quantias de dinheiro para que Andréi fosse mantido vivo para estudos; contudo, em 14 de fevereiro de 1994, aos 57 anos, o serial killer foi executado com um tiro atrás da orelha direita.

"Meu coração ainda bate" foram, supostamente, suas últimas palavras. Feodosia mudou de nome e cidade, a filha, Lyudmila, se casou duas vezes e, assim como o irmão, foi diagnosticada com esquizofrenia. Yuri, o filho, chegou a ser preso, anos depois, por tentativa de assassinato.

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