A Lei Maria da Penha representa um avanço importante no enfrentamento da violência contra a mulher. Mas ainda existem algumas dificuldades. Além da demora da Justiça em punir os agressores, outro problema é com a violência psicológica, nem sempre fácil de ser provada judicialmente.

A entrevistada, que não vai ser identificada, há sete anos é vítima dessa violência invisível, que deixa marcas tão ou até mais profundas do que a agressão física.

“Ele manda áudios de ameaça. Sempre deixa a entender que vai fazer algo comigo. Ele sabe onde eu estou. Às vezes, tenho impressão que sabe realmente porque ele descreve como estou vestida e o que eu estou fazendo. Fico com a impressão que sou vigiada por ele o tempo todo”, relata, assustada.

Ela diz que já levou prints e áudios de conversas com o agressor para a delegacia, mas afirma que o assunto não é tratado da forma como deveria pelas autoridades.

“Na Delegacia da Mulher, eles fazem o boletim de ocorrência e dizem que vão continuar o processo. Perguntam se eu quero representar contra ele e eu digo que sim. Passa um tempo e apenas aparece um oficial de Justiça na minha casa para dizer que tudo foi arquivado por falta de provas”, lamenta.

O Ministério Público Estadual admite a dificuldade para enquadrar a violência psicológica nas formas da lei. Este foi um dos principais temas abordados no encontro estadual sobre a Lei Maria da Penha, ocorrido nesta sexta-feira (05), em Vitória.

Cristiane Esteves Soares, promotora de Justiça do Nevid, o núcleo do Ministério Público responsável pelo assunto, afirma que após a mudança no Código Penal ocorrida no ano passado, a expectativa é avançar no enfrentamento contra a violência psicológica.