Um lavrador de 43 anos vai entrar na Justiça para pedir de volta a guarda da filha, uma menina de 12 anos, após o Ministério Público do ES abrir inquérito para investigar a denúncia de que a jovem teria sido abusada sexualmente pelo pai adotivo, em Baixo Guandu, região Noroeste do Estado. O caso de estupro de vulnerável corre em segredo de Justiça.

 

Segundo o pai biológico, ele nunca concordou em permitir a adoção da menina e também de um filho que hoje tem 9 anos. “Separei da mãe das crianças e ela foi morar na roça com outro homem. Minha filha chegou a morar comigo, eu pagava uma pessoa para levar e buscar na creche, mas precisei trabalhar no interior e deixei a menina com a mãe", afirmou.

 

Quando eu voltei, ela já tinha dado as crianças para o casal sem me falar nada. Ela justificou que não sabia onde eu estava, mas eu estava trabalhando numa roça aqui na cidade mesmo. Então fui até a casa onde eles estavam, chamei meus filhos, mas a mãe adotiva foi ignorante e não me deixou ter contato

 

Ele conta que chegou a contratar um advogado para pegar os filhos de volta, mas não conseguiu. Em seguida, uma advogada dos pais adotivos procurou por ele para fazer um acordo. “Ela falou que as crianças iam ficar bem com a nova família, justificou que teriam uma vida melhor e me garantiu que a gente poderia manter o contato com as crianças depois de três meses, mas foi só falado, tudo mentira. A família não me deixou mais chegar perto dos meus filhos. Até hoje sinto vontade de chegar neles e abraçar, explicar tudo, mas o casal não me deixava chegar perto”, explicou.

 

O lavrador soube da denúncia que a filha estaria sendo abusada após o caso viralizar em Baixo Guandu na semana passada. “Fiquei sabendo pela minha namorada, ela escutou na escola a professora e os amigos comentando. Na mesma hora ela me ligou, mas eu não conseguia acreditar. No dia seguinte, era o maior comentário na cidade. É triste saber uma coisa dessa, eu nunca quis que ela fosse adotada, é muito difícil saber disso em não poder ajudar”, lamentou.

 

Para preservar a vítima, a identificação do pai biológico e dos pais adotivos não será informada.

 

Sobre a ocorrência de maus-tratos, as atuais conselheiras não souberam dizer o que foi feito na época, por ser uma ocorrência antiga, de 2010. O Conselho Tutelar informou que os irmãos estão sob a guarda da Justiça, mas não sabe se as crianças foram para um abrigo ou estão com algum familiar.

De acordo com o MPES, o procedimento tramita em segredo de Justiça, por envolver uma criança ou adolescente, conforme a legislação.