Familiares do mestre de obras Evaldo Paulo da Silva, de 54 anos, buscam respostas para o que aconteceu no Hospital Regional do Paranoá, após a rede saúde supostamente não ter refrigerado o corpo do autônomo ao longo de dois dias. Sem o procedimento adequado, o cadáver teria entrado em decomposição, impossibilitando o velório com caixão aberto.

O martírio enfrentado pela família começou no último dia 10/9, quando Evaldo apresentou um mal súbito. “Meu pai deu entrada no hospital com os seguintes sintomas: dores na cabeça e no corpo e gripe”, relembra o filho Thalisson de Sousa Paulo, 18. “Uma médica informou que era infarto. Ele começou os sintomas três dias antes. No sábado (10/9), pela manhã, piorou”.

Após alguns minutos, o homem teve o óbito declarado. “Informaram que meu pai tinha dado uma parada cardíaca, mas teria voltado e eles o intubaram. Passando alguns minutos, informaram que meu pai não teria resistido”, completa. Assim, foi solicitado a necropsia para saber a causa exata da morte”.

A família ligou diariamente para o hospital, onde foi informada que o corpo seria encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) após passar por um teste de Covid-19. “No mesmo dia do óbito, foi coletado o exame de Covid pedido pelo SVO. Mas, de acordo com o hospital, o órgão responsável pelo exame não teria coletado o exame. Todos os dias ligávamos e íamos até o hospital, mas nada de resposta”.

A família foi informada sobre o resultado do teste somente na noite do dia 12/9. “O exame de sangue teria dado negativo e saiu no mesmo dia do óbito. Só que o SVO não aceitava só esse exame e teria de esperar o resultado do laboratório”, revela. “Na segunda à noite, ligaram do hospital informando que o laboratório teria enviado o resultado e teria dado negativo também. No dia seguinte, fomos chamados no SVO para reconhecimento de corpo e assinar alguns papéis”.

“Chegamos lá e tivemos uma grande surpresa: fomos informados que o hospital não teria em momento algum refrigerado o corpo do meu pai e que o corpo chegou no SVO já em estado de decomposição”, expõe Thalisson.

A família planeja abrir uma ação judicial contra o hospital por negligência. “Inclusive, já demos entrada com um advogado. Ele já está elaborando o processo. Queremos justiça pelo que fizeram com ele”, destaca.

Outro lado

Procurada pelo Metrópoles para comentar as acusações, a Secretaria de Saúde informou que o caso está sendo investigado pelo Núcleo de Qualidade e Segurança do Paciente (NQSP). Leia na íntegra:

“O óbito do paciente em questão foi constatado às 15h26 do dia 10/9 e o exame de Covid-19 foi coletado às 19h do mesmo dia. O resultado do teste de Covid foi liberado em 12/09 e no mesmo dia foi comunicado ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) a liberação para a retirada do corpo. O corpo foi retirado às 11h10 de 13/09.

Pelo fluxo do SVO, os corpos só podem ser encaminhados após o resultado do teste para Covid-19 (no caso de Covid positivo não podem ser encaminhados) e ainda, pelo protocolo de manuseio de cadáveres da SES/DF, o corpo de paciente suspeito de Covid-19 não pode ficar armazenado na geladeira (itens 12 e 13 do protocolo)”.

Evaldo foi sepultado no dia 14, quatro dias após a morte. “Teve que ser em caixão fechado, pois o corpo já estava com um odor muito forte”, lamenta o filho.