O pagamento do 13º salário a beneficiários do Bolsa Família pode não acontecer este ano. Isso porque, apesar de o governo ter anunciado que o pagamento extra seria anual, a medida provisória publicada em outubro só garantia o crédito em dezembro de 2019, já que o documento incluía o seguinte artigo: "Art. 2º-B. A parcela de benefício financeiro de que trata o art. 2º relativa ao mês de dezembro de 2019 será paga em dobro".

 

Somado a isso, a validade da MP de 120 dias está próxima ao fim. Para se tornar lei em definitivo, ela precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional dentro do prazo. Para a sócia de Sergio Galvão Advogados, Camila Rosadas, a medida foi editada estrategicamente para melhorar as previsões de injeção de dinheiro nas compras de final de ano.

 

—  O governo, muito embora critique os programas de transferência social, conhecendo os dados estatísticos, principalmente aqueles ligados ao retorno para a economia, se utiliza deles para melhorar os seus índices e agradar tanto aos beneficiários diretos da MP, quanto os comerciantes, os quais correspondem à grande base eleitoral do presidente — opinou.

 

Na última semana, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), relator da medida provisória, propôs tornar o pagamento permanente e ainda estendê-lo para quem recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

 

Ao Congresso, cabem três opções: aprovar a MP conforme a redação inicial feita pelo governo; aprovar as modificações propostas; ou rejeitar. Caso seja aprovada com mudanças, Bolsonaro deverá escolher sancionar o texto integralmente; parcialmente; ou vetar.

 

Camila Rosadas avalia ser incoerente o governo apoiar uma reforma legislativa que trouxesse a previsão do benefício em definitivo:

 

— Isso teria que entrar no orçamento e a meta atual é reduzir os gastos, ainda que às custas dos mais necessitados.

 

O pagamento do 13º do Bolsa Família em 2019 custou aos cofres públicos em torno de R$ 2,5 bilhões.