Bettina Rudolph ganhou as redes sociais na semana passada por surgir em propagandas no YouTube alegando ter conquistado mais de R$ 1 milhão após investir somente R$ 1.500. 

Devido à insistência da propaganda na plataforma do Google, internautas passaram a questionar a possibilidade de se arrecadar tanta grana com tão pouco investimento.

De acordo com o economista e sócio da empresa G2W Investimentos Mauro Chuairi, o caso de Bettina é considerado um milagre. Mesmo tendo construído a ação na Bolsa por três anos, a garota não seria capaz, segundo Chuairi, de acumular tanto dinheiro quanto afirma.

“Na Bolsa de Valores, o investimento oscila ao longo de 12 meses e tem muitas chances de haver desvalorização do patrimônio, mas tudo vai depender do desempenho da bolsa no período em que você investir”, diz o economista.

 

Mega-Sena

 

No caso de Bettina, “é a mesma coisa que jogar na Mega-Sena”, diz Chuairi. Isso porque, “se você pegar a bolsa no início de 2016 e acompanhá-la até hoje, rendeu 130% de lucro”. Em relação à jovem – com seus mais de R$ 1 milhão –, “isso teria que render 66.000%”.

“É totalmente inimaginável, porque, com esse valor, se ela conseguisse manter essa estratégia por mais três anos, Bettina teria R$ 700 milhões. Isso não existe financeiramente”, assegura o especialista, que complementa: “Mesmo acertando todas as operações [na Bolsa de Valores] e tendo acesso a informações privilegiadas, dificilmente Bettina conseguiria essa rentabilidade. Inclusive seria crime se ela tivesse acesso a isso.”

Para Chuairi, a propaganda da jovem  funcionária da empresa Empiricus no YouTube não é bem-vista pelo mercado financeiro. “É uma forma de se trazer o cliente para o mundo irreal. Como o brasileiro não entende sobre risco e volatilidade [na Bolsa de Valores], acaba se enganando”, lamenta.

 

Investigação

 

Na quarta-feira (20/3), o Procon-SP notificou a empresa Empiricus para esclarecer o caso de Bettina por meio de documentos que comprovem a veracidade da fala da jovem no YouTube. A Empiricus tem 48 horas para apresentar a exigência.

Diante da polêmica, a empresa de consultoria se manifestou sobre as propagandas na internet sem citar Bettina. “Os conteúdos veiculados não criam nem criaram qualquer tipo de relação de consumo, tratando-se apenas de um convite gratuito para saber mais sobre o assunto”, alegou, segundo a coluna de Mônica Bergamo no jornal Folha de S.Paulo.