Se engana quem ainda pensa que eleições mexem apenas com o meio político de um país. Em um cenário de pós-pandemia que trouxe crises financeiras sem precedentes em várias partes do mundo, a vitória desse ou daquele candidato pode trazer consequências das mais diversas ao mercado financeiro.



No caso do Brasil, sem dúvidas a disputa que mais podia mexer com os setores era a presidencial, claramente polarizada por dois nomes: Jair Bolsonaro (PL), atual presidente e Luiz Inácio Lula da Silva (PT),  que venceu o pleito deste domingo com mais de 60 milhões de votos e vai governar o país pela terceira vez. Traçando um diagnóstico dos cenários, o investidor André Janeiro Dias apontou que ações devem se valorizar em com essa vitória de Lula, que pode trazer uma mudança da linha governamental do atual mandatário.



Antes de abordar de fato o assunto, André lembrou que, atualmente, na sua opinião, a Bolsa de Valores deve, pela incerteza da mudança na condução econômica do país, continuar travada. "Ao contrário do que aconteceria se o Bolsonaro tivesse conseguido a reeleição. Se isso tivesse acontecido a bolsa teria subido forte. Porém, é importante dizer que o mercado já vinha precificado para este risco da mudança", iniciou.



Em outra oportunidade, André já havia deixado claro que "o Lula já anunciou que vai fortalecer programas como por exemplo o Fies. Diante disso, ações do mercado educacional devem, em caso de vitória dele já no domingo, se valorizar naturalmente, como por exemplo a Ser (SEER3), a Yduqs (YDUQ3) e a Cogna (COGN3)".



"Por outro lado, ações da Petrobras (PETR4) podem se desvalorizar quase que automaticamente com uma vitória do Lula. Porque trata-se de uma empresa estatal e que o mercado enxerga a possibilidade de privatização com bons olhos. A queda das ações pode ser atribuída ao fato de que o ex-presidente sinaliza que não haverá privatização caso ele chegue à presidência", relembrou.



Em resumo, segundo André, os investimentos previstos para a Companhia em caso de privatização devem cair com a vitória do petista. André pontuou ainda que as projeções em um panorama geral ficam remotas porque dependem de inúmeros fatores, dentre eles a formação de uma nova equipe econômica.



Conforme ele, a "bolsa é muito baseada nas ações do Ministério da Economia, por exemplo. Essa pasta pode contar, com essa vitória do petista, com nomes como o do velho conhecido Henrique Meirelles. Diante disso, é preciso esperar as decisões e planos dele. Mas, olhando de hoje, ações da área de educação e de construtoras para o mercado de baixa-renda devem ser as beneficiadas inicialmente com uma possível vitória do Lula".



"Se ele anunciar o ex-presidente do Banco Central (Meirelles) como ministro da Economia, o mercado tem bons olhos para isso e a bolsa pode responder bem", completou André.