É em uma marcenaria no bairro Parque Tubarão, na Serra, que Domingos Teixeira Marques se dedica à arte de fabricar instrumentos utilizados na folia de Reis. Casacas, tambores, bumbos e atabaques são só algumas das peças que ele aprendeu a produzir artesanalmente com o avô, aos 11 anos, quando morava em São Mateus, no norte do Espírito Santo.

 

Nessa época, pegava a madeira que caía morta e aproveitava para montar os tambores utilizados na Roda de Jongo — uma dança de roda, de tradição afro-brasileira, em que um casal brinca no centro do círculo. Mas foi quando se mudou para a cidade em que mora atualmente que conheceu a cultura do congo e se tornou o Mestre Domingos.

 

 

“A minha roda de congo não é fechada, é uma roda aberta. Quando eu vejo uma criança chegar e falar ‘eu quero tocar’, eu falo ‘toma a minha casaca para você tocar’ porque eu quero que essa cultura permaneça em pé”, disse o mestre.

No dia 23 de setembro, Mestre Domingos foi selecionado como um dos 100 melhores artesãos do país em uma premiação de artesanato do Sebrae. Na seleção, dentre os mais de 1.200 trabalhos avaliados, um tambor, um bumbo e uma casaca produzidos por ele foram selecionados e enviados para o Rio de Janeiro.

 

As peças foram avaliadas pela qualidade e serão fotografadas para compor um catálogo nacional, que será divulgado no Brasil em feiras culturais e de artesanato.

 

Com o reconhecimento, Mestre Domingos e os outros artesãos selecionados recebem o direito de usar um selo de qualidade do Sebrae nos produtos que fizerem.

 

A cultura foi repassada pelos membros da família e, atualmente, Mestre Domingos conta com a ajuda da filha, Sirlene, do genro e do irmão dele.

 

“Esse reconhecimento do Mestre é importante para mim como filha, para a família. Isso vai trazer um novo olhar para a cultura, para o artesanato do Espírito Santo. ele vai ser um canal para mostrar outras coisas que temos aqui”, falou Sirlene, filha do Mestre Domingos.

 

 

Agora, a meta de Mestre Domingos é apresentar sua arte para o mundo.

 

“Quero levar para fora do Brasil, pessoalmente, o que é o congo, o jongo, o caxambu”, completou.

 

Mestre Domingos avaliando madeira para fabricação de instrumentos de jongo