A aldeia de Irajá, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, elegeu uma mulher como cacique pela segunda vez.

 

Filha de cacique, Marcela Rocha é a nova chefe e representante da comunidade Tupinikim — um dos dois únicos povos existentes no estado.

 

Marcela foi eleita com 218 votos. A eleição foi no dia 23 de outubro. No dia 5 de novembro, ela recebeu o cocar que representa o reconhecimento de liderança e foi batizada com um novo nome indígena: Cunhatã. Na língua tupi, o nome significa “mulher guerreira”.

 

À reportagem, Marcela disse se orgulhar de continuar os passos do pai e ser a segunda mulher a representar a comunidade.

 

A cacique falou que pretende lutar para abrir as portas das aldeias para que sejam reconhecidas dentro e fora do Espírito Santo.

 

“[Quero] defender o direito indígena, o direito dos nossos jovens que estão crescendo, o direito de sermos reconhecidos lá fora. E eu quero trazer esse resgate. Levar e mostrar que dentro do estado do Espírito Santo, temos uma cultura diferenciada que são os povos indígenas”, disse a cacique Cunhatã (Marcela Rocha).

 

O historiador Júlio César Bentivoglio explicou que conquistas como a de Marcela são reflexo do empoderamento das mulheres e do reconhecimento da atuação feminina nas mais variadas atividades.

 

“Não seria diferente nas comunidades indígenas. Acho que o nosso grande erro é imaginar que os povos indígenas estejam congelados no tempo. São culturas tão dinâmicas quanto as nossas”, disse o historiador.