Registros de conversas atribuídas a um tatuador de Bauru (SP), mostram que ele teria enviado mensagens pedindo fotos dos seios para uma das vítimas. O homem é acusado de assédio sexual e já foi denunciado por seis clientes. As denúncias começaram a surgir após o relato de uma mulher nas redes sociais na última quarta-feira (28/9).

Três delas já registraram boletim de ocorrência contra o tatuador. De acordo com as vítimas, além de guardar fotos íntimas das clientes no celular, o homem passava a mão nos corpos delas sem consentimento no ambiente de trabalho. Nenhuma das pessoas envolvidas no caso foi identificada.

 

Constrangimento

A uma das mulheres, o tatuador teria dito que quer “ter acesso ao corpo” e “liberdade de ver” a mulher. Ao portal G1, a mulher contou que não fez as tatuagens que queria com o profissional, em razão do constrangimento que sentiu. “Ele me mandou mensagem, pedindo para eu ser modelo dele. Disse que meu corpo era ideal para alguns modelos de tatuagens que ele queria fazer. Eu na inocência, fui respondendo. Porém, eu achava que era no profissional, até ele me pedir fotos, que foi quando vi que era na maldade”, lembra.

Já a mulher que fez a primeira denúncia, por meio das redes sociais, contou a motivação para expor o caso. Segundo ela, possui dois desenhos feitos pelo tatuador. Segundo a vítima, durante uma sessão para uma tatuagem íntima, abaixo do seio, em 2020, o tatuador fez comentários referentes ao corpo dela.

“Eu recebi uma mensagem de uma mulher que teve acesso ao celular dele. Ela também me ligou chorando falando que tinha visto uma foto minha nua no celular dele, enquanto eu estava distraída. No dia que eu descobri, eu fiz a publicação nas redes sociais porque vi que não tinha sido um caso isolado. Eu percebi que o atendimento foi abusivo naquela época quando eu fui em outro profissional retocar a tatuagem e esse outro atendimento foi humanizado”, lamenta.

Por conta do que vivenciou no estúdio, a vítima disse que não consegue mais tatuar, com medo do que pode voltar a acontecer.

“Como mulher eu me sinto muito mal sabendo que a gente não pode ter 100% da nossa liberdade e segurança. Eu recebi relatos de outras mulheres falando que ele tinha tentado beijar elas à força. Me deu tanto nojo que minha cabeça não aguentou. Eu não conseguia dormir, comer. Me sinto mal em saber que, em pleno 2022, a gente ainda passa por essa situação. A gente merece respeito. Creio que o passo que dei foi um passo importante. Tanto que nunca mais eu consegui tatuar”, afirma.