A notícia de que o modelo Bruno Fernandes Moreira Krupp foi acusado por uma jovem de 21 anos de tê-la estuprado, em 9 de julho deste ano, levou pelo menos 13 mulheres a relatarem em redes sociais terem sido vítimas de violência sexual pelo jovem de 25 anos. Bruno está preso preventivamente num hospital particular no Méier, Zona Norte do Rio, por atropelar com uma moto, no último sábado (30), o estudante João Gabriel Cardim Guimarães, de 16 anos, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade. O adolescente teve a perna esquerda amputada devido ao impacto e morreu após dar entrada no Hospital municipal Lourenço Jorge, também na Barra.

A denúncia da jovem foi revelada pela coluna Retratos da Vida, do Extra. Nesta quarta-feira (3), uma modelo de 28 anos procurou a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá para fazer um registro de ocorrência contra Krupp. Ela conta que foi vítima de estupro pelo modelo há seis anos. Os dois se conheceram numa roda de amigos. “Flertamos e, depois de alguns flertes, eu aceitei ir até a casa dele em Niterói pra irmos em uma festa”.

Ao chegar na casa do modelo, porém, a jovem relatou que ele a deixou com dois amigos para que fossem para a festa. Bruno, conta ela, disse que iria mais tarde.

A jovem já estava há algumas horas na festa quando Bruno apareceu, por volta das 3h. Com sono, ela pediu que o modelo a levasse de volta para casa dele — ela mora no Rio e iria passar a noite em Niterói.

Às 6h, relata a jovem, Bruno chegou em casa bêbado e a pegou à força, querendo manter relações sexuais. “Eu falei várias vezes para ele parar e ele literalmente me forçou. Forçou mesmo. Depois de muito relutar eu simplesmente cedi e foi horrível. Me senti um objeto”. A jovem conta que, no meio do estupro, o modelo ainda pegou um celular e ainda tentou gravá-la sem roupa.

Ela conta que o modelo pediu desculpas e ela acabou perdoando Bruno e se manteve em silêncio sobre o caso; quando encontrava o rapaz em festas, o cumprimentava normalmente. “Se eu soubesse que já havia denúncia contra ele eu teria feito (o registro na polícia) com certeza! Me dói pensar isso, mas talvez esse menino (João Gabriel) estivesse vivo ainda se esse BOSTA tivesse sido exposto por aqui”.

— Passei todos estes anos me sentindo culpada e envergonhada por tudo que aconteceu. Hoje, diante do atropelamento que matou um jovem inocente, me senti na obrigação de expor o crime do qual fui vítima justamente para encorajar outras mulheres a denunciarem, frear esses comportamentos por parte dele e evitar que outras pessoas também passem por situações semelhantes — afirmou a modelo de 28 anos, em entrevista exclusiva ao GLOBO.

Relatos semelhantes

Após o relato da modelo, outras jovens publicaram em redes sociais histórias semelhantes de experiências de violência sexual envolvendo Bruno Krupp. “Em vários momentos da noite, ele me forçou a transar com ele, mesmo falando que estava me sentindo muito constrangida pelo fato do amigo dele estar dormindo na cama de cima. No dia seguinte, fui embora me sentindo um lixo, contei para algumas amigas, mas me calei”, escreveu uma delas. “Ele me forçou a beijar e a transar com ele, além de ter me passado DST (doença sexualmente transmissível) quando isso aconteceu. Foi horrível demais, ele é uma pessoa terrível e que merece estar atrás das grades”, relatou outra jovem.

“Infelizmente passei pela mesma situação, só que dez anos atrás, em 2012. Uma jovem de 14 anos que nem soube como reagir a esse fato, como eu queria ter tido forças pra denunciar na época”, lamentou outra jovem que conta ter sido vítima do modelo.

Em um storie publicado na noite desta quarta-feira, a modelo disse que quase 40 mulheres a procuraram para relatar outras situações agressivas com Krupp.

Ao GLOBO, o advogado Willian Pena, que representa Bruno Fernandes Moreira Krupp, negou os crimes e afirmou que, se ocorreram relações sexuais entre seu cliente e essas mulheres, elas se deram de maneira consensual.

O caso de estupro registrado contra Bruno Krupp contra a jovem de 21 anos, em julho, tem um padrão semelhante ao relato anterior. A vítima procurou a Deam no mesmo dia em que o crime teria ocorrido.

Ela disse em depoimento que foi à casa de Bruno, na Avenida Lucio Costa, na Barra. A jovem admitiu que havia bebido, mas afirmou que não estava vulnerável e tinha consciência do que estava acontecendo. Na madrugada do dia 9, relatou ela, Bruno fez sexo com ela sem seu consentimento. A vítima explicou que pediu ao modelo para interromper a relação sexual, mas ele não parou. A jovem foi encaminhada para exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal no mesmo dia. A Deam abriu um inquérito para apurar o caso.